Forte alta em frete da China afeta importação de polímeros

 | 05.06.2024 10:23

Transformadores de resinas plásticas latino-americanos têm se deparado desde o início de abril com uma forte alta nos valores de fretes da Ásia para as Américas, com números que já ultrapassaram os 10.000 dólares por container de 40 pés ($10.000/FEU) na última semana de maio, comparados aos cerca de $1.170/FEU ao fim de março. 

O valor foi reportado a Argus por traders de polímeros na região da Zona Franca de Manaus durante a última semana e é o mais alto relatado por participantes do mercado na região. Entretanto, dados coletados pela Argus na região mostram os fretes da Ásia para a costa leste da América do Sul, em média, entre $6.800-8.000/t no dia 31 de maio.

O fenômeno é parte de uma readequação logística após desarranjos sentidos desde o ano passado em importantes corredores de navegação ao redor do globo. Mas o momento atual possui uma causa diferente, a importação de veículos elétricos 'Made in China'.

Fabricantes de carros elétricos na China estariam aproveitando boa parte dos espaços em embarcações fazendo a rota Ásia-América do Sul antes de um aumento nas alíquotas de importação sobre esses veículos. No Brasil, o imposto de importação deve subir em julho para todas as classes de veículos que sejam de alguma forma eletrificados, passando de 10% para 18% no caso de carros totalmente elétricos, de 12% para 20% para carros híbridos e chegando a 25% nos híbridos sem recarga elétrica.

Essa janela de oportunidade explorada por fabricantes chineses sobrecarregou os navios que fazem a rota China-Brasil, tanto para carros embarcados como para containers cheios de peças de reposição, partes e componentes. Importadores de outros materiais, como no caso dos polímeros como polietileno (PE) e polipropileno (PP), se viram afetados de tal forma que, principalmente no caso do PP, pararam de importar essa resina da China e de outros países asiáticos por conta do aumento expressivo nos custos de frete.

Por conta disso, compradores de PP no Brasil e no restante da América do Sul estão suprindo suas necessidades com material proveniente do Oriente Médio, no caso do Brasil, e dos Estados Unidos, para países da costa oeste, ou de produtores regionais como a Braskem (BVMF:BRKM5) no Brasil, Esenttía na Colômbia, Petrocuyo na Argentina, e em menor grau com a Petroquim no Chile.

Desarranjos logísticos

O momento atual de altíssimos fretes marítimos entre Ásia e América do Sul foi precedido de desarranjos logísticos em dois dos canais de navegação mais importantes do mundo, Panamá e Suez.

O Canal do Panamá sofreu durante o ano passado com uma forte seca que levou à diminuição do número de embarcações autorizadas a cruzar a passagem marítima nos dois sentidos ligando os Oceanos Atlântico e Pacífico, baixando das usuais 30 travessias para cerca de 18 em fevereiro deste ano. 

A situação no canal vem melhorando passo-a-passo, mas trouxe consequências para os fluxos comerciais entre produtores de polímeros na Ásia e consumidores na costa leste da América do Sul (Brasil e Argentina), e entre produtores na Europa e no sul dos Estados Unidos para consumidores na costa oeste da América do Sul (Colômbia, Peru, Equador e Chile).

Outro importante corredor comercial de navegação marítima, o Canal de Suez, que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, continua impactado pelas ações armadas de grupos militares que vêm impedindo as trocas comerciais entre Ásia, Europa e Oriente Médio. Por conta da possibilidade de cargas perdidas, companhias marítimas têm preferido a passagem pelo Cabo da Boa Esperança, no sul da África, aumentando as distâncias e elevando bastante os fretes.

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Frederico Fernandes

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