Front Fiscal Melhor, Mas CPI da Pandemia no Radar

 | 28.05.2021 08:46

No Brasil, nesta quinta-feira a boa avaliação da Fitch, diante do desempenho fiscal favorável em abril e a boa gestão do teto de gastos, acabou se impondo ao ambiente de cautela nos EUA, com a inflação no radar. Na CPI da Covid, no entanto, o cerco vai se fechando sobre o governo, ainda mais depois das oitivas, confirmando o “negacionismo” à várias ofertas de vacina, ao longo do ano passado.

CPI da Covid. Ontem foi dia de oitiva com o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, cientista respeitado e sério, que confirmou o que todos já sabiam: o governo “negacionou” à várias ofertas de vacina, ao longo do ano passado.

Em negociação com a Pfizer (NYSE:PFE), o instituto chegou a ter a perspectiva de 60 milhões de doses em julho de 2020, a serem entregues ao Ministério da Saúde em dezembro do ano passado. Por culpa do governo, no entanto, não fechou esta proposta. Parece que foi uma postura negacionista do presidente, mas também política, já que o governador João Dória havia partido na frente na oferta de vacinas (Coronavac) ao estado de São Paulo.

Se esta oferta da Pfizer fosse aceita teríamos vacinado, em 2 doses, todos os idosos com mais de 60 anos. Por cálculos preliminares, ao todo Bolsonaro e Pazzuelo deixaram sem resposta um total de 137 milhões de vacinas (60 milhões do Butantã e Coronavac e 77 milhões da Pfizer). Por estas ofertas, o Brasil teria sido um dos líderes em vacinação no mundo. No entanto, acabou se tornando um dos líderes em óbitos, 454 mil até esta semana.

Segundo a cientista Ethel Maciel, “em resumo, da CPI tiramos a seguinte conclusão: o diretor da Pfizer disse que o Brasil poderia ter sido um dos primeiros países a receber o imunizante e o diretor do Butantan, o primeiro a iniciar a vacinação no mundo. Por negacionismo, fracassamos”.

Ou seja, o presidente negacionou as vacinas e teimou por optar num “tratamento precoce”, totalmente ineficaz e sem comprovação científica. Quantas vidas poderiam ter sido salvas?

Sobre os próximos passos da CPI esperam-se várias oitivas com diversos governadores e personagens chaves.