G20, o Divisor de Águas para Donald Trump

 | 06.07.2017 10:52

Criticado por chineses e alemães, distanciado dos russos e ameaçado pelos norte-coreanos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegará ao importante encontro de cúpula do G20, a ser realizado nos dias 7 e 8 de julho na cidade de Hamburgo, na Alemanha, com uma missão quase impossível: virar o jogo no quadro geopolítico.

O presidente dos Estados Unidos tem irritado sistematicamente aliados de longas décadas com suas decisões unilaterais sobre o clima, migração e comércio exterior. Como se não bastasse, Trump abaixou o nível de seu relacionamento com a imprensa norte-americana e vai ter de carregar nos ombros críticas cada vez mais pesadas. Esse tipo de atitude contribui para aumentar o descrédito de seu governo, dificultando o relacionamento com as demais potências globais.

O seu encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, é o acontecimento mais importante da cúpula de dois dias em Hamburgo. Trump quer uma colaboração maior da Rússia no imbróglio da Síria para, assim, dar uma resposta aos seus eleitores de que está conseguindo acabar com o terrorismo (uma de suas promessas de campanha). Trump também vai questionar Putin sobre o conflito na Ucrânia, provavelmente sem sucesso.

O próprio Kremlin afirmou que espera estabelecer um diálogo de trabalho com Washington, mas que o formato do encontro pode significar que o líder russo não terá tempo suficiente para fornecer uma análise completa sobre os posicionamentos da Rússia nos conflitos da Síria e Ucrânia.

Definitivamente não é uma manifestação de alta receptividade por parte dos russos neste primeiro encontro e muito menos de cooperação com os planos norte-americanos na região. A Rússia está mais provocadora com os Estados Unidos e cada vez mais alinhada com a Ásia. A China, por sua vez, está empurrando a Ásia aumentar laços com toda a Europa, e conta com o importante aval dos alemães.

Rússia e China também estão contendo os ânimos exaltados de Donald Trump contra o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-um, enquanto aliados históricos dos Estados Unidos ficam calados. As ameaças de Trump contra Kim não estão funcionando. Não há menor condição (financeira, principalmente) de os Estados Unidos ingressarem numa incursão militar contra a Coreia do Norte e uma sanção econômica, sem o apoio da China, não causará impacto à economia norte-coreana.

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Mas Donald Trump continua lançando seus tweets envenenados na rede. Enquanto isso, Kim lança mísseis cada vez mais modernos, mostrando agora capacidade de atingir o Alasca. Em pleno 4 de julho. Kim não se intimidou com as ameaças presentes nos tweets de Trump e, até o momento, está vencendo o jogo de poker contra o presidente norte-americano.

O líder da Coreia do Norte também mostrou ao mundo que é possível desafiar Donald Trump. A chancelar da Alemanha, Angela Merkel, enxergou esta fragilidade ao criticar duramente a política do presidente dos Estados Unidos, apenas dois dias antes de sediar a cúpula do G20.

A retirada americana do acordo do clima de Paris também irritou lideres políticos comprometidos com o programa no mundo inteiro. É mais um front aberto de pressão contra Donald Trump. Se o presidente dos Estados Unidos não retroceder em alguns pontos durante a janela de oportunidade proporcionada pela cúpula do G20, começará perder (se já não está perdendo) seu poder de influência e a China aproveitará o vácuo para se firmar como “o player do bem” e líder de um poderoso bloco em formação.

No mercado de capitais, a quarta-feira foi marcada por uma atípica tranquilidade em dia de divulgação da ata de reunião do Comitê de Política Monetária do FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos). O documento ratificou a expectativa de início da primeira etapa da estratégia de desalavancagem do sistema, com perspectiva de implantação antes do fim deste ano.

O índice S&P500 fechou o pregão perto da estabilidade, dentro de um zona de congestão de curto prazo, próximo da máxima histórica.