G7 a 1 ou Muito Blá-Blá-Blá? Há Saída Para a Guerra Comercial?

 | 26.08.2019 10:31

O mês de agosto tem sido duro. O Ibovespa cai 4 por cento, a curva de juros brasileira interrompe a trajetória de fechamento dos últimos meses e a taxa de câmbio mostra 4,12 reais por dólar, voltando a patamares pré-eleição, quando embutíamos às cotações alguma probabilidade de vitória da esquerda no pleito.

Faço questão de marcar isso. Insistiria no ponto se necessário fosse. Ao olhar seu próprio extrato no banco ou na corretora, você precisa entender o contexto em que está inserido. As prováveis perdas em seus ativos de risco no mês não são exclusividade sua, mas, sim, resultado de um fenômeno global de busca generalizada por segurança e abandono das posições menos conservadoras. Com isso em mente, talvez fique mais fácil não se assustar e desfazer-se de bons ativos a preços momentaneamente ruins.

Há duas tarefas fundamentais em situações como essa.

A primeira: separar ruído de sinal. O que, de fato, é risco (chance de perda permanente de capital) e o que é apenas volatilidade (uma variação de preços causada por alteração súbita no sentimento sem que tenha havido material mudança de fundamento)?

A segunda: nesse contexto e, para ser bem sincero, em qualquer outro, você, como investidor, precisa ter um horizonte temporal além do screenshot do Google (NASDAQ:GOOGL) Calendar. Falo isso pelo seu próprio bem. Ciclos empresariais ou econômicos são medidos em anos, não em semanas. Você precisa dar tempo para que as teses de investimento se materializem, a despeito de adversidades e volatilidade no meio do caminho. Fora da sorte e da aleatoriedade, não há outro caminho para ganhar dinheiro com consistência.

Faladas algumas palavras sobre o mindset que considero adequado para se enfrentar o momento atual, posso agora comentar as questões mais relevantes da semana propriamente ditas. Também são duas: Amazônia e guerra comercial.

Duas questões importantes: Amazônia e guerra comercial. Vamos por ordem, alfabética. Comecemos do começo.

Eu não votei em Jair Bolsonaro. Não gosto da rudeza com que se refere aos jornalistas, nem da postura de “eu mato no peito e resolvo sozinho”, que não me parece combinar com uma democracia consolidada. O culto ao personalismo e ao populismo está entre os grandes males do fim desta década. Também me incomoda o desrespeito a certa liturgia do cargo de presidente, cujo rito talvez requeresse um pouco mais de erudição — não necessariamente ligada à educação formal. Você pode ter uma linguagem popular e, ainda assim, atender às regras tácitas ou formais do bom relacionamento e da comunicação. O Plano Real, por exemplo, só deu certo porque foi bem comunicado.

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Na questão ambiental, porém, entendo que ele esteja mais certo do que a imprensa tradicional supõe, ainda que tenha cometido erros ao tentar negar a importância das queimadas na Amazônia e atribuir o problema a ONGs ou a alguma ofensiva de esquerda.

Em que pese uma ou outra declaração fora de tom, Bolsonaro tem sido uma voz dissidente e única no combate ao discurso ambientalista politicamente correto. Nesse ponto, o presidente me parece certo. Irritantemente certo, ainda que não saiba direito o que está falando, o que ocorre com frequência.

Sob uma roupagem em que se coloca a preservação do meio ambiente acima de qualquer outro valor, adota-se uma postura xiita que impede qualquer discussão técnica e científica sobre o tema, com consequências gravíssimas sobre o desenvolvimento econômico.

O termo “gravíssimas” não é hiperbólico. A questão pode parecer marginal ou pouco significativa para alguns, mas o fato é o que o lobby ambientalista tem sido um dos grandes entraves para a recuperação global, reforçando os temores de uma recessão batendo à porta dos países desenvolvidos, sem capacidade de reação adequada em termos de política econômica. E essa incapacidade de reação deriva, entre outras coisas, do discurso de preservação ambiental.

Antecipei a conclusão. Agora construo o argumento.

Repare no quadro abaixo: