Grande Mídia Engrossa Coro de Inflação Temporária nos EUA

 | 02.08.2021 18:47

Publicado originalmente em inglês em 02/08/2021

Os formuladores da política monetária do Federal Reserve ganharam uma importante aliada em seus esforços para convencer a população de que a dispara da inflação nos EUA é transitória: a grande mídia acaba de embarcar nessa narrativa.

Os jornalistas financeiros estão encontrando analistas sofisticados para respaldar a visão do Fed de que as pressões de preço são temporárias e que problemas na cadeia de fornecimento não são estruturais. Entretanto, os indicadores de mercado para a inflação de cinco e dez anos estão abertos a interpretação. Essa é a beleza do mercado: milhões de investidores calibram suas apostas, mas poucos falam sobre isso.

Uma interpretação alternativa é que a inflação persistentemente alta forçará o Fed e outros bancos centrais a fazerem um aperto monetário, inclusive elevando juros. Outra possível interpretação seria que o repique da pandemia atenuará o crescimento e arrefecerá a economia, talvez apontando para uma recessão. Paralelamente, monetaristas estão alarmados com a disparada da oferta monetária e os riscos que isso representa para a inflação.

Uma pesquisa da Faculdade de Administração da Universidade de Chicago, no mês passado, mostrou que 33% dos especialistas entrevistados concordavam que os atuais riscos de política monetária e fiscal prolongaram a inflação alta, ponderando a avaliação pela confiança que cada um tinha em suas previsões, ao passo que 30% discordavam e 36% não tinham certeza.

Ao que tudo indica, a opinião está dividida.

O ex-secretário do Tesouro e economista de Harvard, Larry Summers, costuma acertar suas previsões sobre o assunto. Ele atribui o rali nos títulos governamentais, responsável por reduzir seus rendimentos, a fatores técnicos, dizendo ainda que os mercados têm o péssimo hábito de prever a inflação.

Steven Rattner, ex-consultor democrata, corrobora com a visão de Summers nessa questão. Em um artigo de opinião publicado no New York Times na semana passada, Rattner levantou objeções sobre taxas neutras de 2,4% do mercado de títulos nos próximos 10 anos. “Não tenho certeza”, declarou, além de alertar que a alta inflação, mesmo que fique abaixo dos dois dígitos registrados há quatro décadas, pode forçar o Fed a elevar os juros mais cedo do que se imagina.

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Como qualquer outro problema vivido nos EUA neste momento, a inflação tornou-se um debate político. Como o presidente Joe Biden afirmou – contra qualquer evidência histórica – que trilhões de dólares a mais em gastos governamentais diminuiriam a inflação, políticos democratas e a mídia com viés democrata (soa redundante?) precisam engrossar o coro, insistindo que a inflação é temporária.

Jerome Powell, que aguarda sua renomeação à presidência do Fed, tem tentado a sorte com os democratas, mesmo sendo ostensivamente filiado ao partido republicano. Mesmo assim, ciente de que a história também terá um veredito, Powell vem mantendo seu apoio com base em uma política monetária indefinida.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), depois de meses insistindo que precisaria haver um vago “progresso substancial” para seu objetivo de pleno emprego (ah, e de estabilidade de preços), finalmente reconheceu, na semana passada, que houve algum progresso. O comitê, de acordo com a declaração de política, “continuará avaliando esse progresso nas próximas reuniões”.

Os investidores encararam isso como uma indicação clara de que a tão aguardada redução de compra de títulos estaria agora na agenda. Em sua coletiva de imprensa após a reunião do Fomc, Powell repetiu o guidance da declaração de política, dizendo ainda que “qualquer mudança no ritmo das nossas compras de ativos dependerá de novos dados”.

Economistas continuam alimentando a expectativa de um cronograma após as reuniões de setembro ou novembro do Fomc.

No entanto, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, uma espécie de “forasteiro” no Fomc, disse, na sexta-feira, que deseja iniciar a redução de compras de títulos já no outono local e encerrá-la em março.

“Estamos muito enviesados para o lado dovish [do estímulo]”, ressaltou Bullard em suas manifestações a repórteres, após um pronunciamento via internet, alertando que o Fed não está em posição favorável para reagir se a inflação persistir em nível elevado.

Bullard, que se tornará membro votante do Fomc no ano que vem, diz que, mesmo que a inflação desacelere, como se espera, não considera que ela terá uma atenuação completa em 2022, prevendo uma taxa de 2,5% a 3%.

Nesse sentido, ele defende que o Fed esteja pronto para atuar. Se a inflação arrefecer por si só, segundo ele, “temos uma linda resposta: permanecer com a política de juros perto de zero e postergar a data de elevação".

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