Guia de Bolso das Opções, Parte 2

 | 12.08.2020 15:48

"Aposto que VALE3 estará 70 reais"

A minha ideia ao escrever a coluna da semana passada era montar um guia prático sobre como usar as opções para o bem (ganhar dinheiro).

Mas o tema é riquíssimo e vamos dar continuidade por aqui. Recapitulando:

Opções é como são chamados os contratos que definem a compra ou venda de um ativo em uma determinada data.

"Eu aposto com você que VALE3 estará acima de 70 reais em 21 de dezembro de 2020."

Quem cria esta opção?

De onde surgem as opções?

As opções são contratos. São criados pelos vendedores no momento que são negociados.

Sim, as opções são criadas do nada, só precisam de garantias de que seu valor será pago no vencimento ou no fechamento da operação.

Assim como vendemos uma ação "short" e recebemos o dinheiro da venda, podemos vender uma opção e receber o dinheiro na conta.

Só precisamos depositar garantias que cubram nosso risco.

Na prática, existem duas formas de negociar opções:

  • Na tela do Home Broker (só PETR4, VALE3 e poucas outras possuem alguma liquidez);
  • Ligando para seu AAI (ou Banker) que cota a mesa de operações.

Criando ativos como em um passe de mágica

O papo seria, mais ou menos, assim:

"Alfredo, meu AAI querido, me dá o preço em cem unidades de uma call de VALE3, com strike 70 e vencimento em 21 de dezembro, por favor."

E a mesa, mesmo que não tenha aquela opção, pode criar um contrato naquele mesmo momento e vendê-lo a você. A mesa de risco da corretora se encarrega de reservar a garantia para a operação.

Lembre-se: só os vendedores de opções (que possuem uma obrigação) precisam de garantias.

Os contratos podem ser de acordo com a vontade do cliente ou podem seguir uma série padrão do mercado (exemplo: VALEL708).

Preferimos negociar séries padrão, pois são mais líquidas (e baratas), ou seja, é mais fácil para o trader da mesa se desfazer da posição.

Liquidez significa que ele pode se livrar do risco com mais facilidade. Quanto menor o risco, menor o preço.


São infinitas as opções (de opções)

Como as opções podem ser criadas da forma que desejamos, por nós mesmos ou pelas mesas de operação, são infinitas as possibilidades de tipos de opções disponíveis.

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Poderíamos negociar opções sobre se vai chover ou não no mês de agosto em São Paulo.

É perfeitamente possível, o desafio é precificar estas opções.

Ou seja, calcular as probabilidades daquele evento se concretizar. Lembre-se: os preços das opções são baseados sempre em probabilidades.

E calculamos os preços com o B&S (comentamos semana passada).

A obrigação do trader é cotar as duas pontas

Trader destemido, arrojado, ganhador de dinheiro, é o que dá preço nas duas pontas.

Mas, no Brasil, inventaram uma cultura "Nutella", onde o trader, com "medinho" de abrir sua posição ou de tomar risco (seu trabalho) só dá preço para a compra ou para a venda.

Explico.

"Alfredo, meu AAI querido, me dá o preço em cem unidades de uma call de VALE3, com strike 70 e vencimento em 21 de dezembro, por favor."

A resposta deveria ser: "compro a 2,50 reais e vendo a 3 reais".

O equivalente a comprar a 38 vol e vender a 42 vol (o que chamamos de 4 vols de spread).

Mas a resposta aqui é: "Você quer comprar ou vender?".

E o trader, com medo do mercado, só dá preço para um lado.

Enquanto o correto, o padrão internacional, é que o trader tenha coragem e dê preços para os dois lados.

Desta forma, o comprador sabe o spread do que está pagando e pode julgar se está sendo bem atendido (pagando caro?) pelo trader e pelo AAI.

Shame on you traders.

Os códigos e as opções (de opções)

Lembrando que: