História da desdolarização continua fervilhando, mas sem transbordar

 | 10.05.2023 11:57

Uma multidão de analistas que esperam a morte do Índice Dólarhá pelo menos duas décadas agora encontrou um novo “jingle”. A “desdolarização” por parte de entidades que comercializam produtos e serviços ao redor do mundo finalmente acabará com o reinado da moeda americana.

E qual seriam os fatores responsáveis por essa desdolarização? Bem, abaixo está uma lista não exaustiva:

  • Aumento das tensões entre o Ocidente – e os EUA, em particular – com países ricos em recursos e commodities que desejam se libertar da tirania do todo-poderoso dólar em seu comércio.
  • Esse quadro de tensão é exacerbado pelo profundo envolvimento dos EUA na Ucrânia, bem como pela participação da Rússia na Opep+.
  • A China, um gigante em desenvolvimento, tem seus problemas com Taiwan, uma espécie de “protetorado” dos EUA.
  • Desenvolvimento de zonas econômicas globais que permitam a superação da dependência a um império econômico em estágio avançado e em situação de lenta deterioração.
  • Acirramento cada vez maior do impasse político no império econômico, com destaque para a discussão sobre o teto da dívida. O problema da inflação criado em 2020 pela “impressora” do Fed está sem dúvida aumentando a gravidade do debate sobre a dívida desta vez.

O que tudo isso significa? Bem, estamos vendo uma tendência de desinflação desde o segundo semestre de 2022, e a visão prospectiva favoreceu o medo da deflação a um novo surto de pressão inflacionária. Isso teoricamente teria o potencial de provocar uma corrida por liquidez no dólar, moeda de reserva mundial. Em suma, a retomada do mercado de baixa nas ações geraria uma corrida para o dólar, bem como em outros ativos de proteção, como a relação ouro/prata. Os dois cavaleiros do Apocalipse da Liquidez.

Os detalhes que estamos observando e as possíveis estratégias a serem implementadas estão além do escopo deste artigo, mas podemos fazer uma análise técnica dos dois cavaleiros. Se eles subirem, o curso esperado para os mercados (inflação>desinflação>medo de deflação) desde o segundo semestre de 2022 permanece intacto. Se caírem, o cenário fica mais interessante.

No que se refere aos mercados globais, digamos que, com o Fed de mãos atadas (impossibilitado de usar suas ferramentas usuais de liquidez), permitiria uma operação de inflação mais focada globalmente se o dólar acabar rompendo para baixo e atuar como contraparte, como costuma ser o caso. Abaixo está o gráfico diário das ações globais (exceto EUA) e o inverso do USD. Uma correlação inversa bastante estreita, concorda?

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