Hora do Gráfico – CIEL3, Drédito ou Crébito?

 | 24.07.2017 13:53

Com o advento da tecnologia, novos produtos e serviços vão sendo criados e posteriormente outros que até então eram indispensáveis se tornam descartáveis e caem no esquecimento do público geral.

Foi assim com a máquina de escrever, o walkman, o discman a TV de tubo e muitos outros produtos que fazem parte apenas do imaginário dos mais jovens.

Mas se tem uma coisa que nossos avós (e quiçá pais) nunca imaginariam deixar de ver em circulação e ser substituído por outra coisa são as famigeradas notas de dinheiro e as moedas, algo que até outrora era tão presente na vida de todos e que cada vez mais vem perdendo espaço na sociedade atual (eu mesmo passo longas semanas e até meses sem tocar em qualquer dinheiro papel)

Mas a quem caberá tomar o lugar do papel moeda? A resposta é simples... é claro que estamos falando do dinheiro de plástico, os cartões, justamente a área de análise de nossa amiga Cielo (SA:CIEL3).

CIEL3, Drédito ou Crébito?

O volume total de processamento de valores realizados através de cartões de crédito e débito no Brasil só vem crescendo. O número de transações totais nas maquininhas hoje já passam de 1 bilhão, quando em 2010 o número não chegava à metade desse patamar (para comparação, as transações com cheque caem aproximadamente 12% ao ano).

Nos Estados Unidos, a pressão anti papel é tamanha que a bandeira VISA prometeu destinar 10 mil dólares a até 50 estabelecimentos cada que se comprometerem a abandonar o uso de dinheiro e oferecerem somente modalidades de pagamento por meios digitais. O valor dado pela empresa serviria de subsídios para os estabelecimentos investirem em tecnologia.

No Brasil há um movimento semelhante com a discussão da Lei 48/2015 que propõem o fim da utilização de dinheiro em espécie e a obrigatoriedade da realização de transações financeiras apenas por vias digitais.

Pelo lado de quem já os utiliza, dentre os motivos do crescimento do uso de cartões, citados pelos próprios clientes em pesquisa, as razões mais apontadas para a preferência de uso foram:

a) Comodidade no momento das compras (evita a necessidade de andar com grandes quantias).

b) Segurança (mesmo razão do item acima).

c) Maior poder de compra (dado o uso do crédito).

d) Benefícios dos programas de fidelidade (milhas, descontos e etc).

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Dos motivos citados, eu gostaria de destacar um deles que me chamou bastante a atenção e que explica, pelo menos para mim, o maior motivo da década que beneficiou o crescimento do uso dos cartões: o poder de compra através do crédito.

Em grande parte, a maior parte da população consumidora sofreu os males dos períodos inflacionários da década de 80-90, o que lhes ensinou na prática a consumir em grandes quantidades e de uma única vez, posto que os preços eram alterados muito rápidos. Dessa forma, muitas famílias viviam com recursos escassez para consumo, o que lhes possibilitava basicamente honrar as contas do mês e alimentar os membros da casa.

Passados, porém a década de 90 e com a entrada no século XXI, houve simultaneamente o crescimento da renda da população e a oportunidade de crédito na praça, onde muitas famílias aumentaram expressivamente o consumo de itens tais como eletrodomésticos, móveis, automóveis e etc..

Onde antes havia muito consumo via débito (principal modalidade no início do uso dos cartões), esta foi logo substituída pela modalidade de crédito, quando as pessoas começaram a utilizar limites para alavancar seu poder de consumo. Em 2016 o total de valores em reais movimentado foram R$ 674 Bilhões em cartões de crédito e de R$ 430 bilhões em débito, sendo que crédito possui uma fatia 56% maior de mercado.

No entanto, se compararmos estes mesmos números versus os dados do ano anterior, veremos que o crédito e o débito apresentaram alta de 3% e 10% respectivamente, tendo a modalidade de débito registrado um maior valor de expansão. Isso se dá basicamente pelo fato de que com o maior endividamento das famílias brasileiras, muitas tem diminuído compras em longos prazos, mesmo quando o parcelamento das compras torna o item “menos pesado” com a divisão de seu valor em vários meses.

O x da questão se dá justamente na falta de confiança dos trabalhadores que, por não verem um cenário de melhora no mercado de trabalho nos próximos meses, evitam contrair dívidas muito longas e correrem o risco de perderem seu emprego tendo que continuar de arcando com as parcelas por longos meses. Dado isso, conseguimos entender o porquê da modalidade de débito continuar crescendo, com as pessoas dando prioridade para o pagamento à vista se, e somente se, possuírem o valor para pagamento imediato.

Se por um lado isso no médio prazo é negativo para as empresas credenciadoras de cartão que se beneficiam quando a compra é feita à prazo, por outro anima os investidores que tem visão de longo prazo para os papéis quando há previsão para o crescimento no volume de processamento pelos próximos anos.

CIEL3 – Está chegando o fim do túnel.

Olhando o ativo CIEL3 desde 2011, data essa que a empresa engatou sua primeira grande alta, temos que o papel está em uma tendência altista que durou do começo de 2011 até o final de 2016, quando o papel deu uma boa lateralizada e por ali ficou (na casa dos R$ 20,00 – R$ 25,00).