Ibovespa Bateu Novo Topo Histórico; Até Quando Pode Subir?

 | 28.10.2019 17:40

A semana passada foi histórica para o Brasil. Depois de oito meses de tramitação, o texto final da reforma da Previdência foi finalmente aprovado e deverá ser promulgado pelo Congresso Nacional no início de novembro.

Ao longo dos próximos dez anos, a Nova Previdência deverá gerar uma economia fiscal de cerca de 800 bilhões de reais. Como consequência, o Ibovespa bateu sucessivos recordes históricos nos últimos dias. Chegou a 108 mil pontos e acumula uma valorização de 22,4 por cento em 2019.

A pergunta de um bilhão de dólares é: até quanto pode subir o Ibovespa? A primeira leitura é que o Ibovespa parece estar barato, e o momento é bastante oportuno para investir na bolsa de valores.

O cenário macroeconômico

Primeiramente irei falar do tripé econômico. Ele se apresenta benigno. A inflação está sob controle, a taxa de juros referencial Selic está em queda e tanto o emprego quanto a renda mostram sinais de recuperação.

A inflação medida pelo IPCA-15 nos últimos 12 meses caiu para 2,72 por cento ao ano até 15 de outubro de 2019. As projeções dos economistas que constam do mais recente boletim Focus, do Banco Central (BC) indicam uma Selic de 4,5 por cento ao ano em dezembro de 2019. Alguns bancos reduziram sua projeção para 4 por cento ao ano. Isso é algo que eu NUNCA vi em meus 20 anos de mercado financeiro.

A geração formal de postos de mercado de trabalho atingiu 762 mil vagas em 2019 no acumulado até setembro, sendo 211 mil vagas apenas em setembro. Além da queda no desemprego houve uma pequena melhora na renda disponível das famílias.

Dessa vez é diferente

Em 2015 e 2016, a economia brasileira registrou uma queda acumulada no Produto Interno Bruto (PIB) de 7 por cento. O desemprego medido pelo IBGE chegou a um recorde de 13,7 por cento em maio de 2017, com a desocupação de mais de 13 milhões de pessoas que integram a força de trabalho. Isso significou a maior recessão da história do País desde a depressão econômica dos anos 1930.

Agora, tudo mudou. A economia brasileira deve registrar um crescimento acumulado de cerca de 5 por cento entre 2017 e 2020, com o crescimento esperado de 2 por cento em 2020.

A reversão de uma queda de 7 por cento para um crescimento de 5 por cento em um período de apenas sete anos é um evento muito peculiar, que terá um impacto muito grande nos lucros das empresas.

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Recuperação do grau de investimento

As reformas são muito importantes para manter o nível de endividamento público estável em relação ao PIB. Duas delas já foram aprovadas no Congresso Nacional. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos públicos, aprovada ainda no Governo Michel Temer. E a PEC da Reforma da Previdência, aprovada pelo Senado na terça-feira, 22 de outubro.

Ainda faltam as Reformas Tributária e Administrativa, mas a máquina estatal não corre mais o risco de parar, no curto prazo, devido à ausência de recursos. Portanto, acredito que o Brasil deve recuperar o grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco no segundo semestre de 2020.

Otimismo com bolsa de valores

Estou otimista com a renda variável devido a cinco fatores: 1) a melhora de classificação de risco do Brasil (re-rating); 2) a virada no ciclo econômico: 3) o aumento da alocação em ações, com o fim da “cultura do CDI”: 4) o aumento do fluxo de recursos de investidores estrangeiros; e 5) o crescimento do lucro das empresas. Já falei dos dois primeiros. Agora vou tratar dos demais.

Aumento da alocação em renda variável

A captação líquida de recursos nos fundos de investimento em ações atingiu 47,7 bilhões de reais entre janeiro e setembro de 2019. O total aplicado nesses fundos chegou a 408 bilhões de reais, o que equivale a 7,8 por cento do patrimônio total dos fundos de investimento.

Fluxo de investidor estrangeiro

O fluxo de investidores estrangeiros na B3 está negativo em 2,4 bilhões de reais no acumulado de 2019 (até 11 de outubro), sendo 28,3 bilhões de reais de vendas no mercado à vista e 25,9 bilhões de reais de entrada de recursos nas ofertas de ações (IPO’s e follow-on’s).

O que não está no preço na Bolsa? O crescimento do lucro das empresas

Acredito que as empresas brasileiras listadas na B3 fizeram a sua lição de casa. Elas sofreram bastante com a crise e se adaptaram a tempos mais duros, com cortes de custos, fechamento de fábricas, melhora de eficiência e de produtividade, contenção nos investimentos e uma redução considerável no seu endividamento.

Agora que a economia irá voltar a crescer, o faturamento das empresas deverá aumentar com margens operacionais maiores e com a queda nas despesas financeiras devido à taxa de juros mais baixa. Nesse cenário, o lucro das empresas deverá aumentar bastante com o crescimento do PIB.

Chamo esse aumento nos lucros de “efeito mola”. O resultado das empresas estava muito comprimido devido ao baixo nível de atividade econômica. E acredito que esse efeito mola do crescimento do lucro das empresas não está corretamente precificado no Ibovespa.

Ibovespa em dólares

O Ibovespa em dólares está atualmente em 26.450 pontos, bastante distante do seu topo histórico de 44.200 pontos em maio de 2008. Naquele momento, o Ibovespa em reais estava a 73.526 pontos.

Só para ilustrar: se o Ibovespa voltar ao valor máximo em dólares atingido em 2008 (antes da crise imobiliária nos EUA), o seu valor em reais seria de 180 mil pontos, um potencial de valorização de cerca de 67 por cento.

Ibovespa corrigido pela inflação (IPCA)

Se o topo histórico do Ibovespa de 73.526 pontos em reais de maio de 2018 fosse corrigido pela inflação (IPCA) no período, o seu valor justo atual seria de 136.750 pontos, uma distância de cerca de 27 por cento para o Ibovespa atualmente.

A conclusão é a seguinte: mesmo com a alta de 22,4 por cento em 2019, o Ibovespa ainda tem muito potencial de valorização, pois o mercado ainda não precificou o efeito da virada do ciclo econômico no lucro das empresas.

Ibovespa pode subir ainda mais

São dois os catalisadores principais para a valorização do Ibovespa. Um é a melhora da classificação de risco (rating) do Brasil, que implica em múltiplos preço/lucro mais altos pagos pelos investidores. Outro é o crescimento mais forte do lucro das empresas.

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