Ibovespa, Melhores Setores e Risco: O Que Esperar da Bolsa de Valores em 2021

 | 15.12.2020 08:53

Finalmente chegou aquela época do ano em que fazemos previsões para o Ano Novo. Na coluna de hoje vou falar sobre o que esperar da Bolsa em 2021 e a minha visão para o mercado de renda variável como um todo: Ibovespa, melhores setores, fluxo de recursos de investidores e alguns “calls fora da caixa”.

Stockpicking será essencial em 2021/h2

Depois do conturbado ano de 2020, com muita incerteza e volatilidade no mercado de ações devido à pandemia da Covid-19, continuo otimista com a bolsa de valores, mas ressalto que daqui para frente, com o Ibovespa de volta ao patamar do fim de 2019 (115 mil pontos), será ainda mais importante saber escolher os melhores setores e as melhores empresas para obter uma boa relação entre risco e retorno.

Melhores setores da Bolsa/h2

Na minha opinião o setor de commodities, especialmente metálicas (minério de ferro e aço), deverá ter bom desempenho em 2021. O principal parceiro comercial do Brasil, a China, vai continuar “comendo” minério de ferro da Vale (SA:VALE3), motor de crescimento para as empresas do setor de siderurgia na B3 (SA:B3SA3), que terão espaço para aumentar o preço do aço no mercado interno. 

Com a vacina contra a Covid-19 deveremos observar um processo de reabertura da economia em 2021, com a vida voltando ao normal em termos de mobilidade e de viagens. Com isso, a demanda por combustíveis vai melhorar (carro, avião, ônibus) e puxar a recuperação do setor de petróleo, que tem uma “nova” Petrobras (SA:PETR4) com endividamento reduzido e foco na eficiência na produção do petróleo no pré-sal.

O setor de papel e celulose também deverá ter um ano bom, com preços internacionais de celulose e papéis de embalagem (kraftliner) entrando numa fase “morro acima”. As empresas do setor (Suzano (SA:SUZB3) e Klabin (SA:KLBN11)), que possuem vantagens competitivas naturais de custo mais baixo de produção, são um call fora do consenso e com prazo de investimento um pouco mais longo, não ficando somente limitado a 2021.

O setor de saúde deverá continuar o seu processo de consolidação e crescimento por meio de aquisições, um bom setor para se posicionar devido ao envelhecimento da população brasileira.

No mercado doméstico eu chamo a atenção para três setores na B3: a construção civil mais voltada ao segmento de média e alta renda, o varejo de alimentos e a infraestrutura (rodovias, portos e com destaque para o novo marco legal do saneamento básico).

Pessoas físicas na B3/h2

Com o fim da cultura do CDI, com taxa de juros (Selic) de 2 por cento ao ano, acredito que iremos encerrar 2021 com mais de 5 milhões de pessoas físicas (CPFs) na B3, comparado ao número atual de pouco mais de 3,2 milhões de investidores. Esse movimento deverá continuar e acredito que o percentual da população que investe em ações poderá chegar no patamar de 2,5 a 3 por cento.

A captação líquida de recursos para fundos de investimentos em ações poderá ultrapassar tranquilamente a marca de 100 bilhões de reais no ano (66,9 bilhões de janeiro a novembro de 2020). Não custa lembrar que a velha poupança ainda tem um saldo superior a 1 trilhão de reais, enquanto os fundos de ações representam menos de 10 por cento total com saldo um pouco menor que 565 bilhões de reais. Esse percentual de ações pode voltar ao patamar de 12 por cento a 15 por cento do passado.

Classes de ativos/h2

Os campeões de 2020 foram: ETF de bolsa americana (IVVB11), ouro, Nasdaq e dólar, com rendimento acumulado de 51,4 por cento, 49,3 por cento, 36 por cento e 32 por cento, respectivamente, de janeiro a novembro de 2020. Importante ressaltar que o dólar caiu mais de 10 por cento do fim de outubro até 11 de dezembro.

Acredito que as ações de valor que pagam dividendos, os fundos imobiliários (Ifix) e as ações small caps (SMLL) serão os ativos com o melhor desempenho em 2021, virando o placar de 2020, a velha máxima de que os últimos serão os primeiros.

Segunda fase em 2021/h2

A primeira fase de crescimento de investidores pessoas físicas na B3 ocorreu por meio da compra de ações de grandes empresas (blue chips) e do investimento em fundos de ações.

Acredito que a segunda fase deverá ser composta por três movimentos: i) ações small caps, o “lado B” da B3 com ações menos acompanhadas e que tem maior potencial de valorização; ii) fundos imobiliários, e a criação de um ETF que replica o principal índice (Ifix) será bem positiva para a liquidez dos ativos e para aumentar o número de investidores (pouco mais de 1 milhão) e; iii) investimento em ativos globais, seja por meio de ações no exterior ou por meio dos BDRs negociados na Bolsa.

Diversificação de ativos: hedge/h2

Eu sempre destaco a importância da diversificação de ativos numa carteira de investimentos, mas em 2021 eu manteria posições em dólar somente ao investir em ações globais (conta no exterior ou em BDR na B3). Uma pequena posição em ouro (2 a 3 por cento) é sempre recomendável para proteção para eventos considerado cisnes negros (seguro morreu de velho).

Ibovespa/h2

O Ibovespa apresentou forte recuperação depois das eleições americanas: valorização de 22,5 por cento desde 30 de outubro até 10 de dezembro, o melhor desempenho dos índices de ações dos mercados emergentes. No acumulado de 2020 o Ibovespa está praticamente no zero a zero (queda de apenas 0,45 cento) e está sendo negociado a múltiplo preço/lucro 2021 de cerca de 15 vezes, um desvio padrão acima da média histórica.

Muito difícil “cravar” uma projeção de Ibovespa para o fim de 2021, mas eu acredito que o principal índice de ações brasileiro pode ficar no patamar de 130 mil a 140 mil pontos ao fim de 2021.

O patamar do Ibovespa ao final de 2021 vai depender muito do nível da taxa de juros real, a chamada NTN-B ou IPCA+, que atualmente está por volta de 4 por cento ao ano acima do IPCA. A cada 50 pontos base de variação na taxa de real o valor justo das empresas, e por consequência do Ibovespa, aumenta/diminui de 10 a 12 por cento.

Liquidez internacional/h2

A eleição de Joe Biden para a presidência dos EUA, sem a dominância dos democratas no Congresso, trouxe um cenário de estabilidade e menor aversão ao risco no mundo, com continuidade dos estímulos para a economia americana: ajuda do banco central americano (Federal Reserve) e pacote fiscal a ser anunciado pelo governo americano.

Fluxo de investidores estrangeiros/h2

O mês de novembro foi marcado por uma forte entrada de recursos de investidores estrangeiros na bolsa: 33 bilhões de reais. Mesmo assim, a saída de recursos de estrangeiros no mercado à vista da B3 supera os 50 bilhões de reais no acumulado de 2020.

Esse fluxo de recursos de investidores para ativos de risco é global, com melhora no nível de aversão ao risco, que pode ser medido pela volatilidade das ações americanas, o “índice do medo” VIX atualmente por volta dos 20 por cento ao ano.

Acredito que depois das eleições americanas, essa liquidez global deverá continuar no primeiro semestre de 2021, respondendo aos estímulos por parte dos bancos centrais e governos dos países desenvolvidos, principalmente nos EUA.

Risco/h2

O grande risco para a Bolsa em 2021 é a situação fiscal do Brasil, com aumento da dívida pública, que deve chegar a 100 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) ao final de 2020, e a inclinação da curva de juros: taxa de curto prazo (Selic) de 2 por cento ao ano e taxa de juros futuros de 10 anos acima de 7,5 por cento ao ano. A situação fiscal é um dos principais drivers para o comportamento das taxas de juros reais no longo prazo (2035).

LEIA MAIS: Incerteza com programas sociais é maior ameaça à dívida pública, dizem analistas

Conclusão/h2

Eu acredito que 2021 vai ser positivo para o mercado de ações devido a três fatores principais: i) recuperação de economia; ii) crescimento do lucro das empresas e; iii) fluxo de recursos para a Bolsa, tanto local quanto de investidores estrangeiros.

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