Imagem e Ação

 | 17.05.2018 10:42

Eu estava perdido na biblioteca do IME, na USP, quando vi uma dissertação de doutorado com o seguinte título: “A influência do observador no objeto observado”.

Fiquei pensando que podia ser na biblioteca da ECA também, ou da Medicina.

Na Poli, nem tanto.

Pois bem, se você ficar olhando seriamente para o preço de uma ação, você vai mexer com o preço dela.

Calma, não é uma newsletter sobre física quântica, nem sobre psicoterapia holística aplicada às finanças.

Para a maioria de nós, meros mortais, olhar para o preço de uma ação não vai causar nada – a não ser que façamos isso todos juntos e ao mesmo tempo.

Investidores mortais se tornam deuses (do bem ou do mal) quando atuam coletivamente.

Agora, imagine que eu chego aqui no Day One e falo que o Warren Buffett está de olho em IRBR3.

Ou mais, muito mais: no encontro anual de acionistas da Berkshire, Charlie Munger revela ao público que seu sócio está olhando atentamente para oportunidades no Brasil, sobretudo em IRBR3.

O que acontece, instantaneamente, com as ações do IRB?

Elas disparam.

Por mera observação?

Como já dizia Milton Friedman, “there's no such thing as a free look”.

Não existe “mera” observação.

Observar, no mercado, é um ato poderoso, ainda mais poderoso que spoofing.

Neste cartoon da “New Yorker”, eu imagino enxergar o seguinte: