Investimentos no Brasil: Os ciclos se repetem

 | 28.11.2022 12:19

Encruzilhadas/h3

Alguns anos atrás, fiz uma viagem com destino ao Velho Mundo. Nosso trajeto se resumia a chegar em Roma e pegar um carro até Milão, o que significa um trajeto de 700 km.

Ao chegar na capital italiana, pegamos nosso carro alugado e colocamos o pé na estrada. Tudo parecia correr bem, até que algo parecia errado. Enquanto seguíamos o caminho, o nosso GPS parou de funcionar e não tínhamos sinal de celular (não havíamos comprado chip local).

Em cerca de 5 minutos, a impressão é que fomos transportados para uma espécie de era “pré-histórica”, na qual não se tem tecnologia (ainda que o GPS só tenha se popularizado há cerca de 20 anos).

Tivemos, então, que voltar à moda antiga, trocar o kit do viajante de Waze por mapas físicos e nos orientar dessa forma. É claro que tudo isso tornava a viagem mais emocionante e perigosa, afinal não existia nenhuma precisão na direção.

Pois bem, seguimos viagem dessa forma. Passados alguns bons quilômetros, lembro de estarmos seguindo reto em uma grande rodovia quando nos deparamos com uma encruzilhada.

Sem grandes conhecimentos de italiano para ler placas, ficava difícil entender se deveríamos seguir reto ou pegar a saída.

A decisão feita ali mudaria tudo. De um lado, seguiríamos em direção ao nosso destino e do outro iríamos certamente seguir em um caminho que levaria a nos perder.

Felizmente, tomamos as decisões certas.

A semelhança com o momento atual do Brasil e dos investimentos não poderia ser maior.

Estamos em uma encruzilhada e a escolha feita fará total diferença.

Os ciclos se repetem/h3

É verdade que estamos enfrentando uma encruzilhada.

Ao seguirmos no caminho de uma deterioração das contas públicas, o resultado será o mesmo de sempre: mais inflação e por consequência níveis de juros mais altos.

Em outras palavras, é uma volta ao passado. Ao entrar nesse cenário de mais inflação e perda da âncora fiscal, é possível pensar que talvez os ativos que mais se destacam ligados a CDI, inflação curta e dólar sejam mais interessantes.

Ao seguirmos em direção à contemplação da responsabilidade fiscal, podemos colher os frutos disso, o que envolve juros menores, inflação baixa e crescimento econômico. Nessa redução do prêmio de risco, ativos como bolsa são cavalos que performam melhor – vimos isso no governo Temer, por exemplo.

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Sim, estamos em um contexto que é delicado para investimentos, em que os cenários extremos (positivos e negativos) são muito importantes e impactantes.

O interessante é que nada disso é novo. O Brasil vive uma dinâmica pendular e, com certa frequência, repete essa história, como se vivêssemos em um ciclo infinito.

Esse pêndulo brasileiro se movimenta entre a destruição do fiscal e um ambiente de reforma em seguida. Um olhar observador entenderá que esse ciclo vem se repetindo muito nas discussões atuais, enfrentando sempre os mesmos problemas.

Isso permeia todos os partidos que ocuparam o executivo, cada um com seu papel nessa história. A melhor definição sobre esse paradigma brasileiro veio da Atmos, gestora carioca de ações, então vou me apropriar da fala deles.