Investimentos: Vamos aprender com as viúvas

 | 30.08.2023 11:05

No mercado americano existe uma brincadeira que diz que os melhores retornos das carteiras são das viúvas. Essa piada tem um fundo de verdade, são, geralmente, carteiras herdadas após a morte do marido e que se permanecem intocadas. Muitas vezes, são portfólios com foco em dividendos/geração de renda, portando, papéis estáveis, pagadores de dividendos, baratos em termos de valuation e com custo muito reduzido de manutenção - com baixa corretagem e impostos.

Aqui no Brasil se tem notícias desse tipo de carteira também. Diz-se que um dos investidores famosos da nossa bolsa, Décio Bazin, autor do famoso livro “Faça fortuna com ações, antes que seja tarde”, deixou uma carteira gorda para a sua família, com essas características listadas acima. Outros exemplos são comuns de se encontrar nos jornais e escutar nos corredores das corretoras de valores.

Na literatura americana se encontram alguns estudos demonstrando que esse tipo de carteira costuma ter um retorno maior que a média de mercado. O que não é de surpreender, visto que são geralmente investimentos de longuíssimo prazo, geralmente em bons negócios e de quase nenhum custo. O “The Journal of Finance” fez um estudo no começo deste século, comprovando um pouco essa tese. Segundo o gráfico abaixo, o custo de negociação é um grande vilão no fim do dia. 

Nesse estudo, foram divididos os investidores da bolsa americana em 5 grupos, o primeiro grupo que negociava menos - até o quinto grupo que se negociava mais. O grupo um, que menos girava a carteira, tinha um retorno muito maior que o último grupo, que girava bastante a carteira. No fim do dia, o último grupo deixava na mesa 70% de seu ganho em custos. Nesse estudo não se contemplam os custos de imposto de renda e outras despesas derivadas do giro excessivo, apenas o custo de corretagem.