Investir com Foco na Responsabilidade Social é Lucrativo?

 | 25.09.2019 08:04

Dos US$ 46,6 trilhões administrados profissionalmente nos EUA hoje em dia, o Fórum para Investimentos Sustentáveis e Responsáveis estima que cerca de US$ 12 trilhões, ou 26%, incorporam critérios ambientais, sociais e de governança na escolha dos ativos. Embora tenha havido um crescimento no número de novos fundos com cotas negociadas em bolsa (ETFs) que seguem investimentos responsáveis e sustentáveis no ano passado – alguns dos quais inclusive registraram o dobro ou o triplo de entrada de recursos –, será que esses investimentos oferecem os mesmos retornos dos investimentos convencionais e não restritos?

Para quem não conhece o conceito de investimento socialmente responsável, trata-se de uma aplicação que leva em conta não só os possíveis retornos financeiros, mas também o impacto social. Alguns fundos, como o Ariel Appreciation Fund Investor Class (CAAPX), concentram-se na seleção de negócios que atendam a determinados critérios sociais e ambientais. Outros, como o Calvert International Opportunities Fund Class A (CIOAX), buscam investir em empresas que tenham uma percepção positiva na sociedade. A maioria dos fundos, no entanto, faz uma seleção tanto negativa quanto positiva.

Fazer uma seleção negativa significa que os gestores dos fundos evitam investir em empresas cujas ações muitas vezes são chamadas de "prejudiciais", como fabricantes de bebidas alcoólicas, tabaco, armas, etc. Também são evitadas empresas que já tenham se envolvido em algum tipo de escândalo de corrupção. A seleção positiva, por outro lado, busca investir em empresas com bom histórico em diretos humanos, proteção ambiental e oferta de oportunidades iguais de emprego.

O maior fundo global a incorporar critérios desse tipo é o Norwegian Wealth Fund, da Escandinávia, que é um fundo de pensão governamental com valor estimado em mais de US$ 1 trilhão. Trata-se, na verdade, de dois fundos separados: um é chamado de "fundo de petróleo", que investe a receita excedente do setor petrolífero do país, e o segundo é o fundo de pensão governamental da Noruega, que investe em ações negociadas na Bolsa de Oslo.

O fundo, que tem como foco direitos humanos, mudança climática e transparência, possui empresas em sua lista negra, como Boeing (NYSE:BA), British American Tobacco (LON:BATS) e outras 150 companhias classificadas como antiéticas pelo Conselho de Ética da Noruega. Nos últimos cinco anos, os investimentos do Norwegian Wealth Fund em ações ficaram abaixo do mercado mundial, como mostra o Índice FTSE Global All Cap. Embora o índice tenha gerado um retorno de 39,6% entre 2014 e 2018, o fundo norueguês retornou apenas 31,6%.

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No entanto, o investimento socialmente responsável não se limita a governos. Emissores de ETFs criaram uma variedade de instrumentos disponíveis para investidores institucionais e de varejo. O Parnassus Core Equity Fund (PRBLX), que está disponível separadamente para investidores de varejo e institucionais (PRILX), conta com US $17 bilhões em ativos sob gestão.

Seus três principais papéis são Microsoft (NASDAQ:MSFT), Disney (NYSE:DIS) e Linde (NYSE:LIN), uma empresa química irlandesa conhecida por seguir os princípios do investimento socialmente responsável. Nos últimos dez anos, esse fundo gerou um retorno de 407%, em comparação com os 426% do índice de referência Russell 1000.