IPO da You Inc.: É Preciso Ser Seletivo com as Incorporadoras Imobiliárias

 | 28.07.2020 06:45

Na coluna de hoje, vou falar sobre a abertura de capital (Initial Public Offering, IPO) da You Inc (SA:YOUC3), uma incorporadora imobiliária que atua na região metropolitana de São Paulo, com foco em imóveis compactos no segmento residencial de rendas média e alta.

Direto ao ponto

A minha recomendação é NÃO ENTRAR na oferta pública inicial (IPO) da You Inc.

Eu gosto do posicionamento da empresa no mercado de rendas média e alta de São Paulo, com experiência do controlador (família Muszkat); entretanto, prefiro outros nomes do setor de construção civil.

Motivos para ficar de fora do IPO do You Inc

Em resumo, os três principais motivos para ficar de fora do IPO da You Inc são:

  1. A companhia tem histórico menor de lançamentos e entregas de projetos do que suas concorrentes no mercado de São Paulo;
  2. A empresa disponibilizou poucas informações sobre o seu banco de terrenos (valor geral de vendas de R$ 2,6 bilhões);
  3. O nível de endividamento é o mais elevado do setor, com relação dívida líquida sobre patrimônio líquido de 57,5% em março de 2020.

Histórico da empresa

A companhia foi fundada em 2009, após o seu principal sócio – Abrão Muszkat – vender a sua parcela de 15 por cento na construtora Even para iniciar seu próprio negócio no ramo da construção civil, atacando o nicho específico de apartamentos com menor área útil.

Público alvo

O público-alvo são jovens e famílias que buscam uma moradia compacta em bairros bem localizados, capazes de oferecer boa infraestrutura e qualidade de vida para seus moradores. Essas regiões costumam estar situadas nos principais eixos de mobilidade urbana da capital, contemplando uma estrutura de comércios e serviços bastante completa. Dessa forma, os imóveis ficam normalmente situados em bairros valorizados da cidade, atendendo aos públicos de rendas média e alta.

Valor geral de vendas

Desde a sua fundação a empresa entregou mais de 8 mil unidades, com um Valor Geral de Vendas (VGV) de cerca de R$ 4,2 bilhões. Apenas em 2019, o VGV lançado foi de R$ 887 milhões, um crescimento de quase 300% na comparação com o ano anterior.

Para o segundo semestre deste ano, a You espera realizar o lançamento de oito novos empreendimentos, com VGV potencial de R$ 921 milhões.

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Banco de terrenos

A companhia possui banco de terrenos de R$ 2,6 bilhões de Valor Geral de Vendas, o que é suficiente para suportar menos de três anos de lançamentos (2020 a 2022).

Eu acredito que a companhia pagou valores elevados pelos seus terrenos em 2019 (antes da pandemia), disputando com outras empresas pelos terrenos com boa localização na região metropolitana de São Paulo

Detalhes da oferta (IPO)

A oferta-base inicial será de 48 milhões de ações ordinárias de emissão totalmente primária, ou seja, todos os recursos líquidos da venda entrarão no caixa da companhia.

O prospecto da oferta indica também a possibilidade de acréscimo na quantidade ofertada via lote suplementar, a ocorrer em comum acordo entre a companhia, os acionistas vendedores e os coordenadores da oferta.

Nesse caso, a quantidade inicialmente ofertada será acrescida em 15% (7,2 milhões de ações), sendo 2,8 milhões de ações acrescidas na oferta primária e o restante (4,4 milhões de ações) vendido na oferta secundária, com o atual acionista controlador (Abrão Muszkat) desfazendo-se de parte da sua participação.

Faixa de preço

O preço por ação estará situado na faixa indicativa que vai de R$ 17,50 a R$ 23,50, podendo, porém, ser fixado acima ou abaixo dela.

Considerando o preço médio de R$ 20,50, a You Inc estima, segundo o Prospecto, que os recursos líquidos provenientes da Oferta Primária serão de aproximadamente R$ 920,4 milhões, considerando-se comissões e despesas de estruturação do IPO e desconsiderando-se o acréscimo de ações adicionais e suplementares.

Uso dos recursos

A Companhia pretende utilizar os recursos líquidos obtidos por meio da Oferta Primária da seguinte forma:

a)  R$ 556,6 milhões para a aquisição de terrenos e para o aumento de participação em projetos no curso normal de seus negócios;

b)  R$ 92,0 milhões para arcar com os custos de construção e as despesas decorrentes das incorporações imobiliárias;

c)  R$ 64,4 milhões para o resgate antecipado de debêntures; e

d)  R$ 207,4 milhões para o pagamento antecipado de contratos financeiros.