Já Está no "Preço"

 | 14.01.2022 08:51

Foi uma semana esclarecedora sobre como deve atuar o Fed neste ano de 2022. Parece ser consenso que deve ser mais hawkish, já iniciando o ciclo de juros em março com três ou quatro elevações do Fed Funds, na intensidade de 0,25 ponto percentual cada. Em 2023 e 2024, novas elevações são previstas, em “sintonia fina” com a atividade, inflação e nível de emprego. 

Seu objetivo: trazer a inflação, atualmente em 7,0%, para o centro da meta, 2,0%, e “normalizar” a política monetária, assim como o ritmo da economia e nível de emprego, próximo ao máximo.  

No Brasil, o IPCA de 2021, a 10%, não trouxe grandes surpresas a não ser pelo fato de que o Banco Central deve também se manter hawkish, para tentar trazer a inflação, ao menos, para o teto do sistema de metas, 5,0%. 

O problema aqui é que com a inflação de 2021 ingressamos na chamada “inflação aberta”, em que as remarcações e a reindexação se aceleram perigosamente. Passa a ser então uma espécie de inflação inercial, com a indexação se disseminando. Em resposta a isso, o Banco Central terá que ser ainda mais rigoroso, elevando a taxa de juros para acima de 11% ao longo deste ano. 

Os mercados parecem cientes deste cenário, não se perturbando tanto. Já “precificaram” as ações do Fed e do Banco Central brasileiro. 

No mercado futuro doméstico, as taxas médias e longas fecharam quinta-feira em queda, acompanhando os recuos dos yelds dos treasuries americanos de 10 anos (em torno de 1,70%). Já o dólar operou próximo da estabilidade, em R$ 5,52, depois de afundar no dia anterior, num movimento global de baixa das moedas dos emergentes. Mesmo assim, a bolsa de tech Nasdaq realizou um forte ajuste no dia, perdendo mais de 2%, impactando no Ibovespa, que perdeu os 106 mil pontos.