JBS (JBSS3) : Cilada ou sacada de mestre?
Sidney Lima | 13.07.2023 09:05
Muito tem se falado recentemente sobre o repentino movimento de alta referente às ações da JBS (BVMF:JBSS3), que nessa quarta-feira chegou a subir mais de 9%.
Esse movimento se deu pela percepção de viabilidade e vantagem para o negócio com a proposta de Dupla Listagem das ações da empresa.
Vale lembrar que manobras desse tipo tendem a trazer maiores perspectivas de crescimento e ampliam as oportunidades do negócio. A JBS é uma das maiores empresas de alimentos do mundo e anunciou oficialmente sua intenção de realizar uma dupla listagem de suas ações, que nesse caso pretende listar tanto na bolsa de valores de São Paulo (B3 (BVMF:B3SA3)) quanto na bolsa de Nova York (NYSE).
E sem dúvidas esse tipo de operação tende a despertar grande interesse no mercado financeiro, especialmente de grandes investidores, o que, consequentemente, se reflete em uma entrada firme de fluxo comprador e na alta do papel. Para explicar tudo isso que está acontecendo, primeiramente você precisa saber como pretendem conduzir essa "dupla listagem". No caso da JBS, a empresa utilizará recibos de depósito de ações (BDRs) para viabilizar essa dupla listagem.
Os BDRs são instrumentos financeiros que representam uma participação acionária e permitem que os investidores tenham acesso às ações de empresas estrangeiras em seu próprio país. O principal interesse desse processo se dá pelo fato de que a JBS está buscando ampliar sua capacidade de investimento e competição no mercado global, de acordo com o que foi informado pela própria empresa. Com a entrada na NYSE, a empresa terá acesso a uma nova fonte de financiamento para novos investimentos e aquisições e ganhar uma excelente visibilidade mundial.
Vale lembrar que a NYSE é reconhecida como a maior bolsa de valores do mundo em termos de capitalização de mercado das empresas listadas e abriga as principais companhias dos Estados Unidos e do mundo inteiro. Além disso, por ter suas ações listadas na NYSE, a JBS também será elegível para participar de índices de ações renomados, como o Russell 3000 e o Russell 1000, o que tende a atrair investidores que seguem esses índices como pauta de relevância, referência e credibilidade.
Obviamente, agora também surgiram algumas dúvidas que podem até ser o seu caso. Como ficarão as ações aqui no Brasil? A JBS manterá suas ações listadas na B3 por meio dos BDRs, e teremos todo um processo que se dará até 2026 para que o investidor minoritário possa converter seus BDRs em ações na NYSE.
Uma operação desse tipo demanda uma série de exigências e critérios ao longo do tempo, e o próximo passo do processo é que a proposta precisará ser aprovada pelos acionistas minoritários da Companhia, além de diversas autorizações regulatórias necessárias para a validação, como a aprovação da admissão à negociação das ações na NYSE, do programa de BDRs na B3 e do registro de emissor estrangeiro da JBS N.V. pela CVM e pela B3.
Como eu disse anteriormente, os acionistas da JBS terão a oportunidade de possuir ações negociadas na NYSE. Inicialmente, os acionistas minoritários receberão BDRs lastreados nas ações Classe A da JBS N.V. (Holanda), que poderão ser convertidos em ações diretamente negociadas na NYSE, obedecendo aos critérios para negociação em bolsa americana.
No geral, a dupla listagem das ações da JBS representa uma estratégia para ampliar as perspectivas e oportunidades de investimento da empresa. Com a listagem na NYSE, a JBS poderá acessar novos mercados, obter financiamento adicional e atrair investidores globais. Um ponto importante é que essa operação não resultará em mudanças significativas na estrutura operacional da empresa e manterá a presença da JBS no mercado brasileiro por meio dos BDRs na B3.
Sem dúvida, com toda essa validação, a empresa passará a responder a uma série de exigências, não só à CVM aqui no Brasil, mas também à SEC nos Estados Unidos de forma mais criteriosa, que é um órgão regulador por lá. Toda essa estratégia traz, sem dúvida, uma maior transparência e veracidade, inclusive quanto à prestação de informações e números operacionais/financeiros do negócio e de toda a sua operação mundial.
E eu, particularmente, acredito que seja sim algo muito positivo para o negócio, embora a empresa ainda tenha muito que provar pra ser um excelente case de oportunidade de investimento no setor.
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