Juro Americano Cada Vez Mais Negativo; Isso Impacta Investimentos no Brasil?

 | 24.05.2021 12:28

O primeiro impacto da pandemia foi altamente deflacionário, uma vez que, com a parada abrupta da demanda, vimos números negativos em meados de abril e maio ao redor do mundo todo.

Por outro lado, em um segundo momento, tivemos um impacto inflacionário puxado por 3 motivos:

1) Estímulos fiscais agressivos nos EUA e no mundo.

Nunca tivemos estímulos fiscais tão agressivos como vimos nesta pandemia. Ao contrário dos estímulos monetários, que impactam as taxas de juros e a compra de títulos longos, esse estímulo foi dinheiro na mão da população, portanto consumo na veia.

2) Quebras na cadeia produtiva.

A pandemia causou não somente a falta de alguns insumos específicos que impossibilitaram algumas cadeias produtivas, mas também vimos empresas com expectativas que não se concretizaram de desaceleração da demanda.

3) Efeito-base.

A inflação do final do primeiro trimestre pegou exatamente o efeito-base da baixa no ano anterior, acelerando a inflação quando olhada contra o ano anterior.

Esse segundo impacto altista na inflação surpreendeu o mercado, que começou a reestimar as taxas de inflação esperadas nos EUA. O último número do IPC (inflação americana) assustou o mercado, ficando em 0,8 por cento.

Esse processo de alta das expectativas pode ser visto no gráfico abaixo, da inflação implícita nos TIPS (títulos americanos indexados à inflação, igual nosso IPCA+):