Juros Negativos, Como Assim?

 | 18.10.2019 15:39

Cada dia vemos um número maior de países pagando juros negativos. Esse é um conceito realmente muito esquisito!

Os juros são basicamente a remuneração que você ganha por não gastar o seu dinheiro hoje, e emprestar para alguém. A remuneração da paciência.

Sendo assim, juros negativos deveriam representar uma remuneração pela impaciência: você paga para investir. Você é remunerado por não pensar no futuro.

Para cada 100 reais que esses bancos colocam no Banco Central, digamos que eles recebam 99,5 de volta depois de 1 ano. Isso é bem esquisito, não é mesmo?

Com isso, os bancos centrais procuram estimular os bancos a emprestar mais dinheiro. Colocar o dinheiro para trabalhar, ao invés de ficarem sentados em caixa. O propósito final é estimular a atividade econômica, que anda bem fraca nesses lugares.

Mas isso é uma grande novidade no globo. Nunca antes na história desse mundo, vimos juros negativos. Quais as consequências disso para a economia, você já parou para pensar?

Moral Hazard

A primeira consequência para mim é óbvia: incentivos completamente trocados.

É o banqueiro central estimulando que os bancos aloquem seu capital em praticamente qualquer tipo de projeto.

Os melhores projetos geram altos retornos, então, mesmo com custo de capital alto eles conseguem gerar lucro.

Conforme esses projetos vão sendo financiados, ficam apenas os projetos ruins. Aqueles que geram retornos tão baixos, que só um custo de capital baixíssimo os torna viáveis.

Quanto mais o juro cai, mais esses projetos ruins passam a entrar no radar dos investidores, na busca insana por juros maiores.

O número de empresas que não dão lucro, mas estão amplamente sendo financiadas por ações ou empréstimos, cresceu muito!

Uber (NYSE:UBER), Netflix (NASDAQ:NFLX), Tesla (NASDAQ:TSLA), entre outras, são exemplos dos chamados "unicórnios" coorporativos.

Além disso, acaba-se com a noção de risco x retorno.

Enquanto os juros existem, paga-se mais juros por empresas mais arriscadas, e menos juros por empresas mais seguras.

A partir de uma economia com juros baixos ou negativos, os investidores começam uma corrida por retornos mais altos, que acaba por espremer qualquer prêmio de risco de possa ser encontrado.

Empresas muito arriscadas começam a emitir a taxas muito baixas. Isso já pode ser visto inclusive no Brasil.

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As últimas emissões de crédito privado contaram com uma vasta gama de empresas emitindo a prêmios baixíssimos em comparação aos títulos públicos. Não lembro de ter visto nada parecido em toda a minha trajetória.

As pessoas estão aumentando o risco da sua carteira, desproporcionalmente, sem perceber.

O risco dos bancos

Mas o risco mais sério que enxergo atualmente é o risco dos bancos. Principalmente bancos europeus.

Embora eles paguem juros negativos nas suas reservas depositadas no Banco Central – ou juros muito próximos a zero –, eles não conseguem repassar essa "tarifa" para o consumidor.

Isso faz com que os spreads do banco caiam muito. E também a sua rentabilidade.

Os bancos europeus estão vendo seus lucros sendo amassados, além de sua inadimplência subir muito (pelo aumento dos empréstimos mais arriscados).

Isso me faz ter muito medo de uma quebradeira geral por lá. Que certamente levaria a um efeito negativo em cadeia.

Toda a economia está exposta a juros baixos. Uma quebradeira faria com que os juros e os spreads de crédito subissem rápido e de maneira desorganizada. Alta de juros de mercado causa marcação a mercado negativa, o que estimula novas vendas de ativos, com novas altas das taxas de mercado.

Seria uma grande fuga desordenada de ativos de renda fixa.

Enfim, temos que ficar muito de olho neste cenário.

Como percebemos pela crise da subprime, a economia pode seguir na irracionalidade por anos até que se exploda.

Enquanto isso, como venho falando para vocês há tempos, prefiro não ficar exposta a juros baixos nesse momento. Nem no Brasil, nem fora do Brasil.

Prefiro ativos como Bolsa ou Fundos Multimercado (que podem se proteger fazendo hedges ou ficando vendidos).

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Publicação Original

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