Lagarde Pode Decorar um Roteiro, Mas sua Liderança no BCE Ainda é Questionável

 | 16.12.2019 11:22

Quando o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, proferia seu famoso “o que for necessário” para defender o euro, o importante não eram apenas as palavras que ele empregava ou o local onde as pronunciava – Londres –, mas também sua própria pessoa. Ele gozava de toda a credibilidade e autoridade que sua carreira em política monetária lhe proporcionou. Portanto, quando dizia “acreditem em mim, será suficiente”, as pessoas o levavam a sério.

Infelizmente, esse não é exatamente o caso neste momento de Christine Lagarde, sucessora de Mario Draghi. Em sua primeira aparição na última quinta-feira para explicar a política do conselho dirigente do BCE, até que Lagarde decorou bem o roteiro. No entanto, durante o período de perguntas e respostas, ela se mostrou mais hesitante e, sempre que podia, voltava à sua zona de conforto da política geral e econômica, em vez de se concentrar na política monetária.

Draghi já havia estabelecido as balizas da política monetária da zona do euro para os próximos seis a dezoito meses. Isso deixou Lagarde livre para oferecer jantares em hotéis de luxo para fazer os membros do conselho dirigente se sentirem mais à vontade e falar sobre uma revisão completa da estratégia do BCE, que deve levar pelo menos um ano.

No entanto, nada nas primeiras aparições de Lagarde fez dissipar as reservas quanto à sua nomeação em julho, haja vista que, apesar de toda a sua trajetória no cenário internacional, a experiente advogada e ex-ministra de finanças da França tem apenas um conhecimento rudimentar sobre política monetária.

É pouco provável que ela precise usar palavras como “o que for necessário” nos próximos meses, mas se precisar, por que alguém acreditaria nela? Por que alguém acreditaria que ela sabe o que é necessário?