Óleo de cozinha usado avança com demanda por biocombustíveis

 | 27.09.2023 11:44

A utilização do óleo de cozinha usado (UCO, na sigla em inglês) como matéria-prima para a produção de biodiesel cresce em 2023 e a cotação do insumo já se aproxima à do preço do óleo de soja em São Paulo. 

A valorização reflete a demanda sólida pelo óleo de fritura, mas ainda há o desafio de expansão da coleta e do rastreamento de origem do produto, principalmente para a exportação aos Estados Unidos e à Europa.

No período entre janeiro e julho deste ano, 85.221m³ do resíduo foram destinados à produção de biodiesel, alta de 8pc em base anual. Em todo o ano de 2022, as usinas compraram 148.456m³, ou 2,3pc do total de insumos utilizados, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O aquecimento das exportações de sebo bovino, neste ano, impulsionou os preços da gordura animal no mercado doméstico, o que tem levado usinas a buscar alternativas à matéria-prima. Assim, o UCO tem sido mais demandado.

A cotação média do óleo de cozinha usado em São Paulo atualmente está próxima dos R$4.825/t cif, incluindo impostos, segundo apuração da Argus junto a participantes de mercado. Já o óleo de soja fechou em R$4.950/t cif na semana encerrada em 22 de setembro, de acordo com o indicador da Argus.

O Sudeste é a região que mais usa o óleo de fritura na fabricação do biodiesel e respondeu por 47,5pc do total registrado neste ano, conforme dados da ANP.

Produtores estão ampliando a captação desta matéria-prima e, inclusive, contratando financiamento com a taxa de juros condicionada à expansão de projetos de coleta. A Be8, por exemplo, já levantou R$190 milhões com o Santander Brasil (BVMF:SANB11). A empresa também fez parceria com a rede de fast food Grupo Madero, com previsão de recolher 55m³ por mês.

Outros participantes de mercado como Olfar, JBS (BVMF:JBSS3), Potencial, Granol e Oleoplan também apoiam cooperativas responsáveis pela coleta de óleo de cozinha usado e se mobilizam para ampliar a cadeia de oferta.

A estratégia que muitas usinas têm adotado para aumentar a captação é por meio de parcerias com prefeituras e incentivando alunos da rede pública a trazer resíduos de óleo usado para coletores nas escolas, que recebem recurso pelo produto.

Um bom argumento para conscientizar crianças, adolescentes e seus familiares é que 1 litro de óleo de fritura pode contaminar até 25.000 litros de água, reduzindo os custos com a despoluição do meio-ambiente e o tratamento de água. Além do biodiesel, o óleo de fritura pode ser usado para fazer sabão, asfalto e tinta.

Estruturar um sistema logístico que facilite a destinação do resíduo às indústrias continua sendo um desafio para as usinas. No Brasil, a rede de coleta é bastante pulverizada e pouco profissionalizada, com busca pelo produto em estabelecimentos como restaurantes, condomínios residenciais e feiras livres. Essas características dificultam a rastreabilidade e a certificação para os mercados doméstico e internacional.

“O que era um problema ambiental, hoje é uma fonte de energia limpa”, afirma Daniel Amaral, diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). No entanto, o executivo acrescenta que o potencial de avanço do setor não é substancial, por haver uma tendência entre as famílias brasileiras de reduzir o consumo de óleo dentro e fora de casa, na esteira de mudanças de hábitos de alimentação.

Como o óleo de fritura é um resíduo, o uso na fabricação de biodiesel também gera mais créditos de descarbonização (Cbios) dentro da Política Nacional de Biocombustíveis (Renovabio) devido à ausência de emissões de gases de efeito estufa na produção desta matéria-prima.

Neste contexto, produtores de óleo vegetal hidratado (HVO, na sigla em inglês, também conhecido como diesel verde) e combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e da Europa estão buscando mais matérias-primas de segunda geração no Cone Sul e, assim como o sebo bovino, o UCO está no alvo das compras.

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