Federal Reserve: Maior e Mais Rápido Aperto Monetário

 | 28.01.2022 08:49

Chegamos ao último dia útil da semana de olho na inflação americana e nos próximos passos do Fed. Nesta sexta-feira é divulgado o PCE de dezembro, indicador de inflação mais olhado pela autoridade monetária americana. 

Sua abordagem mais hawkish segue despertando os mercados, com dúvidas sobre a intensidade do aperto monetário nos próximos meses. Teremos um ajuste do Fed Funds, em 0,5 ponto percentual, e não 0,25 na reunião do FOMC em março, ou até seis elevações neste ano? Não se descarta elevações de juro em todas as reuniões de 2022. Mercados de curto prazo, mais cautelosos, trabalham com cinco elevações. Ao fim do ano, o Fed Funds pode chegar a 1,5%. E a inflação?

Já se considera o maior e mais rápido aperto de política monetária global em muitos anos. Na semana que vem o banco central do Reino Unido (BoE) deve dar partida ao seu ciclo de aperto monetário, elevando a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, a 0,5%, até junho chegando a  1%. 

Nesta semana, a África do Sul elevou o juro em 0,25 p.p. a 4,0%, e o Bacen turco elevou sua projeção de inflação, de 11,8% para 23,2% neste ano. No BCE já se considera mais 0,2 pontos básicos para a taxa de juros até dezembro de 2022. Ou seja, há uma coordenação de apertos monetários pelo mundo, mas muita cautela é necessária, num gradualismo inevitável, diante dos riscos de “estouro de bolha” ou rupturas. 

E ainda temos as tensões na OTAN diante da relação entre Rússia e Ucrânia, embora os russos neguem pensar em invadir o país vizinho (algo “impensável”). No cerne deste imbróglio a adesão (ou não) dos ucranianos à OTAN e o fornecimento de gás natural à Europa. 

Mesmo neste ambiente externo mais tenso, o mercado de ativos brasileiro segue meio que “descolado”. Até ontem, dia 27, o Ibovespa acumulava ganhos de 8,4%, o dólar caindo 3,6%, na contramão de uma bolsa tech em NY, Nasdaq, recuando 15,6% e o S&P -9,8%.