Mais Uma Semana de Instabilidade

 | 19.04.2021 08:33

Depois de mais uma semana de muita instabilidade, mais uma, agora mais curta, pelo feriado de Tiradentes, se inicia. No foco das atenções o sancionar do Orçamento de 2021, pelo presidente Bolsonaro, havendo dúvidas se será bem sucedido, e, claro, a pandemia, ainda causando estragos. Sobre o Orçamento, não sabemos para onde o presidente deve correr, ou agindo como um populista, agradando ao Centrão, ou com a “mão pesada do Tesouro”, não cedendo às tentações, como quer Paulo Guedes. Dia 22 saberemos.

Sobre a pademia, São Paulo, em fase vermelha, deve começar a flexibilizar as restrições nesta segunda-feira, reabrindo escolas, muito mais por pressões externas, havendo alguma quedas nas internações pela Covid 19. São quase 14 milhões de casos desde o início, com 373.335 óbitos acumulados, 1.657 em 24 horas no domingo passado, e 42.980 novos casos. Duas boas novidades são de que a Astrazeneca (LON:AZN) (SA:A1ZN34) está produzindo uma vacina para combater as variantes do vírus e de que a Jansen deve retomar a produção de doses.

Voltando ao debate do Orçamento, a equipe econômica quer o veto total das emendas, quase R$ 31 bilhões, algo totalmente insustentável diante da “proposta” de redução das despesas obrigatórias. Devemos destacar que estas não podem ser “reduzidas”, para acomodar as emendas. Pela “lei do teto”, a cada despesa criada, algo tem que ser readequado ou ajustado. A ideia do Congresso era ir “empurrando com a barriga” a cada mês, mas mantendo todas as emendas. O problema é que o TCU não aceita esta “contabilidade criativa”. Pela leitura da equipe econômica, neste caso, estaríamos incorrendo em crime de responsabilidade, já que pela ”lei do teto”, despesas obrigatórias são prioritárias e não podem ser reduzidas, muito menos, para acomodar emendas de deputados.

É no meio estas duas visões que o presidente terá que se posicionar. Se aceitar a tese do Centrão, estará incorrendo em crime de responsabilidade, se ir pela tese da equipe do ministro Paulo Guedes, correrá o risco de perder apoio do Centrão e se expor a diversos pedidos de impeachment, engavetados nas gavetas do presidente do Congresso, Arthur Lira. Como já dito, é um verdadeira dilema, uma “escolha de Sofia” (para quem viu o filme). Para onde correr, será uma decisão complicada.

Em paralelo, acreditem, pelo estouro de prazo foi apresentado no Congresso no dia 15 o PLDO de 2022. O Orçamento deste ano ainda não foi sancionado, mas já começam a discutir, por imposição de prazo, a proposta do Orçamento para 2022. Nem orçamos este ano e já temos que pensar no próximo. Sobre este PLDO 22, o que se tem é a meta fiscal de déficit de R$ 170,4 bilhões, 1,9% do PIB, o crescimento de 2,5%, a inflação de 3,5% e o salário mínimo, de R$ 1.100 a R$ 1.147 (+4,3%).

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No Congresso, o presidente da casa, Arthur Lira, em entrevista coletiva, tentou “quebrar o clima”, dizendo acreditar num bom desfecho para este imbróglio do Orçamento, “descartando rupturas” e reafirmou seu otimismo sobre a agenda de reformas, a ser retomada nos próximos dias.

Portanto, nesta semana que se inicia, como grande novidade o fim prazo (dia 22) para o presidente sancionar o Orçamento de 2021. A quem deve agradar? Por sobrevivência, achamos que deveria ficar no “meio do caminho”, com um veto parcial das emendas, em torno de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões, de um total de R$ 30 bilhões pedidos pelos deputados.

Neste final de semana o mercado de criptomoedas voltou a oscilar forte, diante do IPO da Coinbase Global Inc. (NASDAQ:COIN) na semana passada, com as bitcoins caindo 20,3% até domingo. Lembremos que existem mais de 1,5 mil cripto moedas no mundo, e a bitcoin é a mais visada ou famosa. Lembremos também que não existem grandes motivações, ou explicações para o que acontece neste mercado. Este é o retrato do sistema cripto-financeiro, ele se move pela aceitação dos investidores, oferta e demanda, mesmo não havendo nada que o justifique ou lhe dê lastro.

Como se comportaram os ativos de mercado/h2

Bolsa de valores. Fechamos sexta-feira (dia 16) com o Ibovespa em “suave” alta de 0,34%, a 121.113 pontos, na semana avançando 2,9%, depois de ganhos de 2,1% e de 0,4% nas duas anteriores. Isso ocorre num clima de quase euforia nos mercados globais, pontuados pelos EUA, bolsas de valores em recordes diários, e de indicadores favoráveis na China, embora um pouco aquém do esperado. Por outro lado, no ambiente doméstico, o que se vê é açodamento, confrontos e ameaças. No mês, a bolsa doméstica acumula ganhos de 3,84% e no ano de +1,76%. Há de considerar alguma “briga do índice nos 120 mil pontos”, diante de um cenário externo favorável e um interno ainda muito complicado.

Mercado cambial. Com a queda do dólar no mercado global, o real deu mais uma “respirada” nesta semana, a terceira seguida, com o dólar recuando a R$ 5,5848 (-1,6%). No ano, a perda do real ainda é elevada (-7,6%), mas vai se desacelerando.

Mercado de juro. O impasse do Orçamento segue “estressando” o mercado de juro, mas uma boa notícia é o cenário externo mais tranquilo e as sinalizações do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que não teremos “ruptura”. Na semana passada, a curva de juro cedeu um pouco, devolvendo os prêmios e recuando 20 pontos. No entanto, há outras tensões no ar como a conduta do STF, a CPI da Covid, os bate bocas do presidente, as tensões na Rússia. No front inflacionário, estejamos atentos aos repiques dos IGPs com as commodities e a depreciação. Por enquanto, trabalhamos com a Selic a 5,25% ao fim deste ano e 6,0% em 2022.

Agenda Semanal/h2

Na agenda da semana, no Brasil, nesta segunda-feira, temos a pesquisa Focus e o IBC-Br de março, com este devendo perder força diante da indefinição das vacinas e dos lockdowns em vários estados. Estejamos atentos também à inflação, numa semana que se aproxima da reunião do Copom dia 5/5. Parece haver consenso sobre um ajuste da SELIC entre 0,75 e 1,00 ponto percentual. Como já dito, teremos a decisão do presidente sobre o Orçamento de 2021 e também como deve transcorrer a CPI da Covid 19. No exterior, temos que ter um olhar atento sobre o que Christine Lagarde, CEO do BCE, deve dizer na quinta-feira (na reunião do BCE). Estejamos atentos também aos vários PMIs, a serem divulgados na sexta-feira.

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