Mais Uma Semana Pesada

 | 16.08.2021 08:46

No Brasil, mais uma semana pesada na política, com novos embates esperados entre o presidente Bolsonaro e o STF, trâmites para a reforma tributária, destaque para a mudança do IRPJ, MP do Auxílio Brasil e PEC dos precatórios. No exterior, em destaque. Na agenda de indicadores, bem fraca, sendo destaque apenas os dados do Caged, talvez na sexta-feira, a arrecadação federal em dia a se confirmar e a divulgação dos balanços chegando ao fim. Nos EUA, em destaque a ata do FOMC e a bateria de balanços por lá, assim como os dados de varejo nos EUA e vários indicadores de atividade na Zona do Euro, Japão, China, etc.

Na política/h2

Continuam as bravatas do presidente Bolsonaro. Desta vez, ele “ameaçou” pedir o impeachment de alguns ministros do STF.

Bolsonaro argumenta que os ministros Luiz Roberto Barroso e Alexandre de Moraes “extrapolam com atos os limites constitucionais.”

Boatos circulavam, porém, de que ele não gostou de saber que o seu vice, Hamilton Mourão, se reunia com Luiz Roberto Barroso, para conspirar pelo impeachment e ocupar o seu lugar.

Além disso, Bolsonaro tenta responder à derrota da MP do voto impresso e à prisão de Roberto Jefferson. A impressão é que Bolsonaro segue tentando colocar “bodes na sala” para desviar o foco pela sua total incompetência e criminoso negacionismo no trato da pandemia. E a CPI da Covid parece ter chegado a esta conclusão.

O fato é que ele não tem poder para avançar no afastamento dos ministros, prerrogativa do Senado, com o presidente da casa, Rodrigo Pacheco, já tendo dito que não irá avançar nesta demanda. Segundo um interlocutor do presidente do Senado, “não há qualquer causalidade e nenhum fato objetivo na linha de argumentação de Bolsonaro”. Já são 17 pedidos de impeachment e todos terão o mesmo destino: a gaveta. Segundo um outro interlocutor, Rodrigo Pacheco não vai entrar na do Bolsonaro que continuará “dançando sozinho”.

Há controvérsias neste tema, dada a atuação da “segunda turma” do STF na soltura de vários criminosos de colarinho branco da Lava Jato, julgando parcial a conduta de Sergio Moro, mas não negando a minuciosa investigação do MP de Curitiba. Claro parece que se usam duas réguas em Brasília para avaliar o trabalho de alguns ministros do STF. Claro é que para alguns casos Bolsonaro se omite, até porque sente a ameaça de Sergio Moro como possível candidato em 2022. Mais uma jogada política.

No front fiscal, seguem as dúvidas sobre quais fontes de recursos serão usadas para bancar o Auxílio Brasil e como desenrolar a PEC dos Precatórios, que prevê o parcelamento de dívidas da União em ordens judiciais, junto a empresas e cidadãos. Uma novidade nesta semana será o início das discussões sobre a reforma administrativa. Há previsão de três seminários sobre o tema na terça-feira na Comissão Especial, que avalia esta PEC.

Nos EUA/h2

Na quarta-feira (dia 18), nos EUA, temos a ata do Fomc e com ela “pistas” sobre os novos passos do Banco Central Norte-americano, no início do tapering, processo de desaceleração na compra mensal de ativos pelo Fed, além de projeções de PIB e inflação para os próximos anos.

Em julho, os diretores regionais do Fed afirmaram que a recuperação estava intacta, apesar do aumento da variante Delta e do payroll de julho mais forte do que o previsto. Lembremos que entre o final deste mês e o início do próximo, acontece a reunião de Jackson Holle e há alguma expectativa de que sejam anunciadas novidades.

Nos EUA, dentre os indicadores, atenção para as vendas de varejo na terça-feira (dia 17), para observarmos se a mudança de hábitos de consumo para viagens, lazer e serviços, não refletidos nas vendas do varejo, continuou em julho. A previsão é de queda de 0,2% nestes dados das vendas do varejo (e expectativa de queda acentuada nas vendas de automóveis). Outros indicadores são a produção industrial, também, na terça-feira e os pedidos de seguro-desemprego na quinta (dia 19), além do Índice Impire State de atividade industrial do Fed nesta segunda (dia 16) e do Fed da Filadélfia na quinta.

Na China/h2

A China, lidando com o seu maior surto de Covid, desde o início da pandemia, impôs testes em massa e restrições a viagens, o que deve travar a atividade econômica.

Na semana passada, vários bancos de investimento de Wall Street, incluindo o Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34), reduziram suas previsões de crescimento para a China no resto deste ano. Os dados de produção industrial e de varejo, nesta madrugada, mostraram desaceleração, aumentando os temores de que a recuperação da segunda maior economia do mundo esteja perdendo força. A recuperação da pandemia tem sido desigual na China, com a demanda de exportação impulsionando a maior parte do crescimento econômico, enquanto a demanda interna tem sido retomada de forma mais lenta.

No mercado/h2

O mercado doméstico fechou no dia 13 em suave alta, mesmo com preocupações na seara política e no front fiscal. O principal índice acionário brasileiro, o Ibovespa, registrou avanço de 0,41%, 121.193 pontos, em recuo acumulado de 1% na semana. A conjuntura política conturbada também refletiu na cotação do dólar, que fechou a semana com alta de 0,32% a R$ 5,2466.

Na tabela abaixo, observamos como o real é volátil, frente aos emergentes, dada a grande liquidez do mercado doméstico e o excesso de fatos, econômicos e políticos, que impactam na moeda nacional. Observamos também com o peso colombiano vem oscilando no curto prazo, reflexo do ambiente político açodado, e também na Turquia e Africa do Sul, pelos mesmos motivos e também pela pandemia. Em 90 dias, grande oscilação da moeda peruana, pela traumática renovação de governo.