Medindo o Impacto do Aperto Monetário Global na Renda Variável

 | 13.04.2022 09:59

Março e abril foram marcados pela mudança brusca de discurso do Federal Reserve em relação à direção da política monetária nos Estados Unidos. Nas últimas semanas, parece que o mercado conectou os fundamentos da economia americana exageradamente aquecida com um novo discurso da autoridade monetária, causando um dos piores momentos da renda fixa dos EUA. Dado o forte momento de inflação proveniente do conflito na Ucrânia, o Banco Central Europeu (BCE) deverá mudar de discurso em breve, em uma linha mais dura, como a do Fed.

Os núcleos de inflação nos EUA, Zona do Euro e Reino Unido estão empatando com a média inflacionária global. Entretanto, o ciclo de aperto monetário dos mercados emergentes começou há praticamente um ano. Os modelos prescritivos de taxa de juros sugerem que os principais bancos centrais (BCs) estão atrás da curva de seus mandatos, muito além do que já estiveram nas últimas duas décadas. São países com inflação de mercados emergentes e níveis atuais de juros de países desenvolvidos.

O que importa para o setor corporativo é como essa mudança de comportamento dos bancos centrais altera o nível de liquidez e disponibilidade de crédito. Os estímulos monetários dos BCs possuem diversos canais que influenciam o crescimento de lucros globalmente — via nível de spreads de emissão, liquidez no sistema bancário e excesso de reservas. Nossas simulações apontam que 20% da variação dos lucros do MSCI Global (NYSE:SPGM) é explicada após um choque nessas variáveis em um horizonte de 4 anos.