Mercado Aliviado Com Cepa Mais Leve

 | 07.12.2021 09:21

Os mercados deram uma “respirada” nesta segunda-feira, diante da possibilidade da nova cepa Ômicron ser mais leve. O Ibovespa conseguiu o terceiro pregão no azul, acompanhando as bolsas de NY e da Europa. Junte-se ao fato do mercado doméstico estar “muito barato”, o que levou os investidores às compras. Na Ásia, o minério de ferro operou em alta, ainda mais com a retirada dos compulsórios na China, impulsionando a Vale (SA:VALE3) a as siderúrgicas. 

Por outro lado, o dólar se manteve em alta, em dia de perdas para as divisas dos emergentes. O real, em especial, segue como a pior moeda entre eles, reflexo das perspectivas de elevação de juros nos EUA, piora nas expectativas de crescimento da economia brasileira (Focus) e impasses políticos e fiscais variados. Em semana de Copom, os juros curtos e médios operaram pressionados e os longos, em queda. Sobre a PEC dos precatórios nada se resolveu nesta segunda-feira. O que se quer é a promulgação fatiada, com as medidas em consenso, “liberadas” e as polêmicas, voltando à Câmara.   

Sobre a PEC dos Precatórios 

Promulgação foi adiada, permanecendo o “impasse”. O que se quer é fatiar a PEC, dividindo as medidas mais polêmicas, a retornarem para a Câmara, e as consensuais, aprovadas. Isso deve elevar o teto de gastos para 2021 em cerca de R$ 38 bilhões. Um dos pontos alterados será o artigo 4, que limitava o uso do espaço no teto deste ano em até R$ 15 bilhões. O problema é que o Senado também colocou uma vinculação deste espaço aberto à determinadas despesas. A Câmara acha que este trecho terá que ser revisto. 

Assim, dentre as medidas criadas no Congresso, a única a ser promulgada será a que define o indexador para o teto, pelo IPCA, de janeiro a dezembro, o que deve abrir quase R$ 40 bilhões de espaço para gastar neste ano e R$ 62 bilhões em 2022.  Como o tempo é exíguo, esta rubrica deve entrar como “restos a pagar” para 2022. 

Diante disso, o governo deve editar hoje uma MP para garantir o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400 em dezembro, usados R$ 6 bilhões, remanescentes do Bolsa Família. Esta MP também deve tratar do pagamento complementar em 2022, a partir da PEC. 

Rosa Weber, do STF, depois das insistências de Rodrigo Pacheco, resolveu liberar as “emendas de relator”, no chamado “orçamento secreto”, depois de aprovadas as “regras de transparência” no Congresso. 

Sobre esta nova cepa

Cresce a tese de que embora mais transmissível, esta nova cepa, a Ômicron, deve ser mais suave do que as anteriores. No Reino Unido, já passavam de 1 mil por dia as infecções, em decorrência dela. No Japão, confirmado o terceiro caso desta nova cepa. 

Nos EUA

A leitura mais agressiva de Jerome Powell, do Fed, deve representar uma “virada em 2022”, em direção a uma retirada mais acelerada dos estímulos, com o juro devendo ser elevado antes do que se imaginava (caso a inflação se torne persistente). 

No Brasil

A inflação segue acelerando. Há uma disseminação na alta de preços neste ano, e não mais se pode afirmar que seja transitória. Não é. No ano passado, o grande vilão da inflação foram os alimentos, pelas quebras de safras, afetando várias culturas. Tivemos, literalmente, um “choque agrícola” em 2020. Hoje isso só não basta. Há um espalhamento dos índices. Diante disso, é acertada a conduta do Bacen, elevando juro. No Copom desta semana, mais uma ajustada de 1,5 ponto percentual será sancionada, a 9,25%. Não será maior em função da atividade econômica, perdendo tração. 

Na pesquisa Focus, o IPCA de 2021 passou de 10,15% para 10,18%, e de 2022, de 5,00% para 5,02%. O PIB passou de 4,78% para 4,71%, em 2022, recuando de 0,58% para 0,51%. E a Selic se manteve em 9,25% neste ano (a se confirmar no Copom de quarta-feira) e no ano que vem a 11,25%.