Mercados, Juros e Subterfúgios

 | 29.01.2016 18:46

Quanto à elevação das taxas de juros nos EUA, eu as descartei durante muito tempo. Finalmente, no mês passado (dez/2015), o FOMC deliberou pelo aumento dos juros em 0,25% depois de vários anos de juros nominais quase zerados.

De fato, acredito que a verdadeira justificativa para uma alta dos juros básicos norte-americanos pode ser uma tentativa de frear a alta do mercado de ações nos EUA, desestimulando a alavancagem especulativa nos mercados financeiros. Mas tal atitude também tem outro efeito bastante interessante. Ela enfraquece o temível Estado Islâmico! A alta dos juros nos EUA acaba por fortalecer o dólar e, consequentemente, depreciar o petróleo. Ainda que isso seja ruim para os EUA em vários sentidos (por exemplo: várias empresas americanas de petróleo estão notoriamente alavancadas em dívidas), o petróleo mais barato, assim como foi determinante na insolvência da União Soviética na década de 1990, também poderá causar sérios problemas para a disponibilidade financeira do Estado Islâmico. Apesar de nada ter a ver com os objetivos institucionais e declarados do FOMC (Federal Open Market Committee) ou do Federal Reserve System (Banco Central dos EUA), esse é um fator bastante importante e tem que ser levado em conta no atual cenário geopolítico.

Os noticiários internacionais já revelaram na semana passada que o apoio financeiro fornecido pelo Estado Islâmico aos seus militantes foi reduzido pela metade! Uma redução bastante expressiva e coerente com a queda no preço do petróleo, que chegou a ser cotado em US$ 27 na mesma semana, pouco mais de um mês depois da elevação da taxa de juros nos EUA.

Para quem acha improvável que o FOMC esteja olhando para outros interesses que não a vigília da inflação e do desemprego, aos quais formalmente deveriam estar atentos, deixo as questões:

Por que aumentariam os juros quando a inflação ainda se mostrava bem mais baixa que na maior parte dos vários anos anteriores?