Mercados Sob Pressão

 | 22.08.2022 09:35

A partir de sexta-feira, tudo muda no mercado com o grande discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em Jackson Hole, possivelmente estabelecendo as bases para a política monetária dos EUA nos próximos seis a nove meses. Minha expectativa é que Powell deixe claro que o ritmo das elevações futuras de juros pode desacelerar, mas elas ainda precisam subir mais e continuar elevadas por algum tempo. Ele precisa afirmar que não serão feitos cortes de juros no futuro até que se constate uma trajetória evidente de queda da inflação.

Novamente, como já ressaltei diversas vezes, os mercados de contratos futuros, títulos e moedas já entenderam o recado. Já faz algumas semanas que eles veem se ajustando a uma trajetória de alta duradoura da política monetária norte-americana. As ações ficaram alheias a isso e é a única parte do mercado que parece ter um comportamento mais incerto. Se as taxas estivessem caindo, com os futuros dos fundos do Fed ainda mostrando grandes cortes de juros e o dólar recuando, seria mais fácil dizer que o mercado acionário se comportou bem. Infelizmente, para as ações, não é isso o que está acontecendo. As ações estão vivendo em um mundo de fantasia neste momento.

Portanto, nesta sexta-feira, teremos Powell, a divulgação do gasto com consumo pessoal e as expectativas para a inflação pela Universidade de Michigan. Na semana seguinte, teremos o índice ISM de atividade industrial e o relatório de emprego. Esses dados ajudarão a direcionar a reunião do Fed de setembro e a dar aos mercados uma ideia melhor do cenário.

Com base nos dados que venho rastreando até agora, a economia americana desacelerou, mas não se estagnou e não atingiu a velocidade de recessão. O crescimento nominal ainda é muito elevado, e o principal obstáculo para a economia neste momento são os preços elevados, e não a destruição da demanda. Sim, as empresas estão reduzindo suas taxas de contratações e até mesmo demitindo uma parte da sua mão de obra, mas isso não é o mesmo que anunciar quantidades maciças de cortes de postos de trabalho devido a uma significativa desaceleração econômica.

Os pedidos iniciais de seguro-desemprego, em bases históricas, estão muito, muito baixos nos EUA e, lembrem-se, o tamanho da força de trabalho hoje no país é muito maior do que nas décadas de 1960, 70, 80 e 90. Portanto, apesar da recente alta, é essencial manter as coisas em perspectiva.

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