Ômicron Mais Leve "Alivia" Mercados
Julio Hegedus Netto | 04.01.2022 09:20
No mundo, pesquisas realizadas indicam que a variante Ômicron é mais leve e não ataca diretamente os pulmões. Isso deve corroborar para uma “maré de otimismo” nos mercados, operando neste início de ano em alta. No Brasil, ao contrário, o presidente internado e preocupações com as contas públicas, azedam o humor do mercado interno. Talvez Bolsonaro tenha que ser operado.
Na agenda desta terça-feira, dados da indústria nos EUA devem aumentar as apostas pela antecipação do ciclo de juros para março. Isso já pode ser “sentindo” pela inclinação da curva de juros dos treasuries de 10 anos (+13 pontos, a 1,64%), além do dólar em alta, aumentando no Brasil as pressões fiscais.
Ciclo de juros pode ser antecipado
Nos EUA, diante da confirmação de uma variante mais leve no mundo, já se fala em forte retomada da economia e necessidade de antecipação no ciclo de juros para março. Pelo CME Group, 57,2% das apostas apontam elevação de 0,25 ponto percentual em março, contra 50,3% em 31/12. Pela manutenção da taxa, há recuo de 45,9% para 39,5%. Cerca de 3,2% apostam em elevação de 0,5 ponto percentual. Na reunião do FOMC Fed em janeiro agora, as apostas apontam para a manutenção do juro e início na aceleração do desmonte dos estímulos (tapering).
Previsões de mercado
No mercado, seguem as instituições financeiras revisando suas projeções para este ano. O banco BTG Pactual (SA:BPAC11), por exemplo, reduziu o crescimento do PIB de 0,4% para zero, diante do aumento da volatilidade com as eleições, afetando o câmbio e a inflação. A projeção do IPCA passou de 4,6% para 5,0% e a Selic final a 11,75%.
Sobre a pandemia
Embora a variante Ômicron tenha sido considerada mais leve, preocupa os casos de flurona, a coinfecção do coronavírus e da influenza, comum em vários países do mundo. Gráfico a seguir confirma o diagnóstico de que a variante não mata tanto, embora seja muito transmissível. Isso colabora para a tese de que ingressamos numa fase de endemia, não mais pandemia.
Economia turca e o populismo
Na Turquia, a inflação anualizada chegou a 36,1% em dezembro, sétimo mês de aceleração. Isso decorreu da desvalorização da lira turca e o avanço nas expectativas inflacionárias. No contrapé, o governo Erdogan segue no seu intuito de aumentar as reservas e reforçar a lira turca. Anunciou que os exportadores terão que converter 25% das suas receitas na moeda nacional. Neste contexto, o banco Central passa a comprar 25% de toda a receita das exportações que os exportadores recebem em dólares, euros ou libras.
INDICADORES/h2
No Brasil
PMI Industrial Markit estável em 49,8 pontos em dezembro, abaixo de 50 pontos, indicando retração.
Balança comercial fechou 2021 com superávit de US$ 61 bilhões, recorde anual, com exportações somando US$ 280,3 bilhões, e importações, US$ 219,3 bilhões. Este saldo é 21,1% maior do que no ano anterior, sendo que em dezembro foi a US$ 3,94 BILHÕES.
Nos EUA
PMI Industrial recuou a 57,7 pontos em dezembro, contra previsão de 57,8.
Na Turquia
Turkstat: CPI anual em dezembro alcançou 36,1%.
Na Alemanha
IHS Markit: o PMI industrial, do final de dezembro, ficou em 57,4 pontos, sem alteração contra o mês anterior e no menor nível desde janeiro 21.
Na Zona do Euro
IHS Markit: o PMI industrial, do final de dezembro, caiu de 58,4 pontos para 58, em linha com as expectativas do mercado.
MERCADOS/h2
Bolsas de valores abrindo terça-feira em ALTA, diante do diagnóstico da Ômicron ser mais leve, o que deve abrir espaço para a “normalização” da economia global. Agora, a preocupação se volta para a intensidade deste processo de reabertura e a resposta dos bancos centrais (intensidade na dosagem de instrumentos). Nesta madrugada, os índices futuros americanos operavam em ALTA, assim como nas bolsas europeias. As bolsas na Ásia operavam na maioria em alta, com exceção de Xangai realizando. Bolsas de Londres e de Tóquio retornam hoje.
No ano passado, o mercado americano foi o de melhor desempenho entre os índices de ações dos países desenvolvidos, como Reino Unido e Japão. Mercados emergentes foram os que mais sofreram. Para este ano mais volatilidade é esperada, até porque a economia norte-americana deve “sofrer” com as decisões do Fed de apertar a política monetária. No Brasil, a eleição de outubro deve permear o comportamento dos ativos, também impactados pela migração de liquidez para os mercados desenvolvidos, diante da elevação do juro norte-americano (flight to quality).
No Brasil, no primeiro pregão do ano (03/01), o Ibovespa fechou em queda de 0,86%, a 103.921 pontos, com volume financeiro de R$ 24,2 BILHÕES, abaixo da média diária (R$ 34 bilhões). Já o dólar encerrou o dia valorizando 1,63% frente ao real, a R$ 5,664.
Carteira do Ibovespa, entre 03/01 e 29/04, com o ingresso de POSI3 (SA:POSI3), CMIN3 (SA:CMIN3) e RRRP3 (SA:RRRP3). VALE3 (SA:VALE3) segue com maior peso (15%), seguido por PETR4 (SA:PETR4) (6,5%), ITUB4 (SA:ITUB4) (5,0%), BBDC4 (SA:BBDC4) (4,5%) e PETR4 ON (4,1%).
Na madrugada do dia 04/01, na Europa (05h12), os mercados futuros operavam EM ALTA: DAX (Alemanha) +0,19%, a 16.051 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), +0,96%, a 7.455 pontos; CAC 40 +0,55%, a 7.256 pontos, e EuroStoxx50 +0,31%, a 4.345 pontos.
Na madrugada do dia 04/01, na Ásia (05h11), os mercados operaram MISTOS: S&P/ASX (Austrália), +1,95%, a 7.589 pontos; Nikkei (Japão) +1,77%, a 29.301 pontos; KOSPI (Coréia), +0,02%, a 2.989 pontos; Shanghai -0,20%, a 3.632, e Hang Seng, -0,08%, a 23.256 pontos.
No futuro nos EUA, as bolsas de NY, NO MERCADO FUTURO, operavam EM ALTA neste dia 04/01 (05h10): Dow Jones, +0,15%, 36.509 pontos; S&P500 +0,24%, 4.797 pontos, e Nasdaq +0,16%, a 16.528 pontos. No VIX S&P500, 18,80 pontos, -0,31%.
No mercado de Treasuries, US 2Y RECUANDO 1,55%, a 0,7738, US 10Y -0,44%, a 1,623, e US 30Y, +0,21%, a 2,021. No DXY, o dólar +0,07%, a 96,280, e risco país, CDS 5 ANOS, a 202,8 pontos. Petróleo WTI, a US$ 76,06 (-0,03%) e Petróleo Brent US$ 79,02 (+0,05%). Gás Natural +0,81%, a US$ 3,85 e Minério de Ferro, +2,23%, a US$ 689.
Na agenda da terça-feira, dados de vendas de veículos pela Fenabrave e Tesouro em leilão de títulos atrelados à inflação, como NTN-B e LFTs, CORRIGIDOS PELA SELIC.
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