Moedas/Países Emergentes Ficam Vulneráveis Ante Alta do Juro no Mercado Americano

 | 02.03.2021 06:18

O FED americano não elevou o juro, mas o mercado americano o está precificando com base na expectativa de inflação nos Estados Unidos, consequente da liquidez que será promovida com o pacote de US$ 1,9 Tri, e com isto o mercado de Treasuries ganha atratividade global e promove deslocamento forte dos investimentos que estavam nos países emergentes para o mercado americano.

Consequência natural dada a procura pelo dólar é a sua valorização perante as demais, em especial as emergentes, com destaque para a lira turca, real e rand sul africano. A Turquia tem expressivo déficit em conta corrente, e Brasil e África do Sul tiveram forte expansão da crise fiscal em 2020, revelando forte dependência de financiamentos em 2021.

Enfim, com este cenário americano fortalecido, os mercados emergentes e suas moedas ficam vulneráveis, e o refluxo dos investimentos estrangeiros locados nestes mercados provoca forte venda das moedas locais na busca do dólar para retirada em direção ao mercado americano.

O Brasil tende a ter acentuado efeitos deste ambiente, visto que a economia dá sinais somente amenos de recuperação, mas tem fundamentalmente a política monetária retardatária no trato do quesito juro e enorme risco de agravamento maior da já caótica situação fiscal, visto que convive com o pior momento da pandemia do coronavírus e tem necessidade de reestabelecer o programa assistencial às populações carentes, sem que tenha fontes de financiamentos.

Ocorre que os problemas brasileiros no curto/médio prazos são relevantes e de grande impacto na dinâmica do país, enquanto que soluções somente seriam viáveis a longo prazo, com a efetiva aprovação das reformas tributárias e administrativas e, em especial, as privatizações.

Este “gap” temporal é praticamente incontornável, mas revela que o país está muito atrasado nas medidas que deveriam ter sido tomadas ao longo dos últimos 2 anos e que somente agora são postas em pauta pelo governo, com perspectivas mínimas de aprovações em não menos do que 1 ano.

Pontifica neste momento, de forma incontestável, a consequência da inércia e o retardamento das medidas de política monetária proativas, que foram postergadas sob as mais diversas justificativas, que contudo, não ganharam fundamentos, inclusive quanto a visão sobre a inflação, referida como temporária e que se revela voraz e permanente.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

A visão complacente sob um quadro prospectivo notoriamente perverso do COPOM/BC vai levar o país a “pagar um preço” elevadíssimo, que pode emitir sinais amplamente negativos já neste 1º trimestre e até propagar-se para uma visão total sobre o ano de 2021.

Este cenário pode provocar retrocesso e comprometimento nos discretos avanços alcançados na retomada da atividade econômica, e, impor ao COPOM/BC a absoluta necessidade de um ajuste mais forte e abrupto na taxa de juro SELIC, para buscar tecnicamente atenuar as pressões de depreciação do real.

Se algo assim não for feito, o preço do dólar permanecerá sobre pressão e volátil e não tende a ser atenuada com as eventuais intervenções do BC com ofertas de dólares à vista ou no mercado futuro com contratos de swaps cambiais novos, e isto será extremamente nefasto em razão dos impactos nos preços dos combustíveis, já que 70% do modal de transportes no Brasil é rodoviário, e mais afetará de forma contundente o preço das commodities exportáveis no mercado interno, e no conjunto propagando explosiva pressão inflacionária interna de imediato nos preços da cadeia produtiva.

Por outro lado, o cenário poderá ser desalentador para a Bovespa e para os projetos de IPO´s em andamento, que repercutirá somente os efeitos da alta das commodities nas ações de empresas do segmento, mas a diversidade tende a ser prejudicada pelo recuo do investidor estrangeiro.

Os estragos do fortalecimento do preço do dólar no nosso mercado tendem a ser expressivos, num momento em que o país enfrenta a pior situação da pandemia do coronavírus que afetam de forma altamente preocupante as suas perspectivas.

Há muito que se observar, mas o viés é bastante preocupante, com o risco do que está ruim ficar pior.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações