Momento é Delicado

 | 01.10.2021 08:47

Nos EUA, se aproxima o momento do tapering, dada a inflação “persistente” no horizonte; no Brasil, o risco é fiscal, mas também político e institucional, dada da polarização Lula Bolsonaro. Uma boa notícia, talvez, seja a entrada de Sergio Moro no game das eleições de 2022, o que deve esvaziar outras candidaturas inviáveis de “terceira via”. Todo o tabuleiro eleitoral deve mudar se Moro se candidatar a presidente. Outras alternativas são ele ser vice do Mandetta ou de João Dória ou mesmo Senador da República. 

O terceiro trimestre acabou com o mercado em elevado estresse, dados os impasses no precatório, reforma do IR parada e “prorrogação do auxílio emergencial”, talvez para abril de 2022. Na equipe econômica, a resistência a esta última possibilidade é grande, com o secretário especial do Tesouro, Bruno Funchal, ameaçando pegar o boné. O presidente Bolsonaro, “trator de sempre”, quando os temas lhe dizem respeito, não parece preocupado e deve forçar a barra pela prorrogação, não importando quais custos fiscais ou desgaste no mercado. 

Nos tradicionais ajustes técnicos de virada de mês e trimestre, quinta-feira foi de volatilidade forte. No câmbio, na disputa pelo PTAX e nas rolagens de contratos no mercado futuro, o dólar foi a R$ 5,4758 na máxima da tarde e o BACEN anunciou um swap extra de 10 mil contratos, todos absorvidos. Isso acalmou o mercado, com o dólar fechando a R$ 5,4462 (+0,29%), ganho mensal de 5,30%. No mercado de juro, o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, disse que deve levar a Selic “até onde for preciso” para trazer o IPCA para a meta em 2022. Assim, a curva de juro se manteve inclinada ontem, com prêmios adicionais. Já o Ibovespa teve mais um mês de queda, -6,57%, a 110.979 pontos, o segundo pior trimestre desde o início da pandemia, só superado por jan-mar de 2020.

No exterior, como já vem sendo dito neste espaço, a retirada dos estímulos pelo Fed se aproxima, mas em paralelo, se aproxima também uma crise global de oferta de energia, com a China, por exemplo, limitada. Na Europa o cenário é muito delicado, devendo haver um choque de oferta no custo da energia elétrica. O gráfico do salto no custo de energia na Alemanha reforça isso. Em NY, as bolsas fecharam o mês no vermelho, em quedas superiores a 4% e as curvas dos treasuries se inclinaram. Momento global é delicado.