Investing.com | 05.05.2020 09:31
O mês de abril foi fantástico para as ações. Entretanto, acabou deixando os investidores com muitas dúvidas relevantes.
A mais importante é: você realmente acredita no que os mercados estão dizendo? Isto é, que a recuperação irromperá como fogos de artifício assim que todo mundo voltar a trabalhar?
Ou, em vez disso, você acredita no sinal predominante da economia, de que a pandemia de coronavírus expôs a fragilidade das bases econômicas ao redor do mundo, as quais levarão tempo para serem reparadas? Isso significaria que as ações se adiantaram ao movimento.
Ganhos robustos viram prejuízos
Resposta breve: é lógico esperar que a recuperação será frustrantemente lenta e bagunçada e que as expectativas acabem se mostrando otimistas demais.
O S&P 500, que se valorizou 12,68% em abril, e o Dow Jones, que registrou alta de 11,08% no mesmo período, tiveram seu melhor desempenho mensal desde janeiro de 1987. A alta de 15,45% do NASDAQ Composto foi a mais forte desde junho de 2000. E o NASDAQ 100 saltou 15,19%, seu melhor resultado desde outubro de 2002.
Desde as mínimas de 23 de março, o S&P 500 saltou quase 33% até 30 de abril, com o Dow se valorizando 33,7%, o NASDAQ disparando 34%, e o NASDAQ 100 avançando 33%.
Ainda assim, o S&P 500, o Dow e o NASDAQ encerraram o mês de abril com perdas no ano, com exceção do NASDAQ 100, que acabou registrando alta de 3% no ano ao final do mês passado. Mas essa valorização se dissipou no primeiro pregão de maio, na sexta-feira.
Cada um desses índices de referência está bem longe das suas máximas históricas de fevereiro. Além disso, o S&P 500, o Dow e o NASDAQ caíram nove das dezessete semanas deste ano.
Setores, ações em destaque e outras nem tanto
As ações do setor de energia lideraram em abril, mas só o fizeram depois que os preços do petróleo ganharam fôlego após o colapso provocado pelo excesso de oferta e pelas batalhas para ver quem controlava os preços da energia no mundo. O contrato de maio do West Texas Intermediate ficou negativo por dois dias, algo que não deveria ter acontecido do ponto de vista lógico. O WTI com entrega em junho ficou abaixo de US$ 20 na sexta-feira e continuou derrapando nas negociações de futuros na segunda.
O fundo Energy Select Sector SPDR (NYSE:XLE) subiu 31% em abril. Parece ótimo, exceto pelo fato de ter caído quase 52% no primeiro trimestre e 40% no ano.
A Apache (NYSE:APA), uma das maiores produtoras de óleo e gás, valorizou-se quase 213% em abril, mas caiu 84% no primeiro trimestre.
As ações de companhias aéreas, hotéis, restaurantes e serviços de viagens foram massacradas. Os papéis da American Airlines (NASDAQ:AAL) despencaram 57% no primeiro trimestre e acabaram sendo retirados do índice NASDAQ 100.A Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa), de Warren Buffett, vendeu todas as suas ações da Delta Air Lines (NYSE:DAL), Southwest Airlines (NYSE:LUV), United Airlines (NASDAQ:UAL) sem falar nas da American.
Para encontrar força no mercado, foi preciso olhar as ações de tecnologia e serviços de comunicação, bem como as ações de megacapitalização, em especial Microsoft (NASDAQ:MSFT), Apple (NASDAQ:AAPL), Amazon (NASDAQ:AMZN) e Alphabet (NASDAQ:GOOGL),
Sem falar nas ações da moda, como Tesla (NASDAQ:TSLA), que subiu 47% no mês e 86% no ano até 30 de abril. Até mesmo o CEO da companhia, Elon Musk, disse na quinta-feira, em uma conferência com analistas, que a ação havia subido demais. O resultado foi que, no dia seguinte, ela acabou caindo 10,4%.
O trio das ações de megacapitalização acima encerrou o mês com valuations de mais de US$ 1 trilhão. A capitalização de mercado da Alphabet, controladora do Google, era de cerca de US$ 900 bilhões na sexta. A Microsoft subiu 13,6% no mês; a Apple, 15,5%; a Amazon, 26,9%; e o Google, 16%.
A Netflix (NASDAQ:NFLX) se valorizou 11,8% no mês. O Wal-Mart (NYSE:WMT) avançou 8,2%, atingindo a máxima de 52 semanas, a US$ 133,38, no dia 22 de abril.
Outra área importante a registrar força foram as ações de saúde, principalmente as de empresas que tentaram criar vacinas capazes de combater o coronavírus. A Gilead Sciences (NASDAQ:GILD) saltou 21% no mês e 24% no ano, pois os ensaios iniciais e restritos da sua droga remdesivir ajudaram os pacientes de Covid-19 a se recuperar rapidamente.
Todas as ações de biotecnologia tiveram um mês de abril forte. O índice NASDAQ de Biotecnologia avançou 15%, recuperando-se de uma desvalorização de 13,45% em março. O índice subiu 24,4% no ano passado, graças ao interesse por medicamentos contra o câncer e congêneres.
No mês de abril as ações tiveram ganhos expressivos. Com a queda de sexta-feira e a fraqueza do setor de energia e dos contratos de índices futuros nos EUA na abertura do pregão de segunda-feira, os investidores devem enfrentar muita volatilidade no início da primeira semana de negociações de maio. São muitos os riscos neste momento:
O mais sintomático de tudo é que Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, se disse otimista com a companhia em sua reunião anual no sábado, mesmo após o prejuízo de US$ 49,7 bilhões apurado pela empresa no primeiro trimestre. A maior parte dessa perda se deveu à desvalorização dos ativos por conta do coronavírus.
“Já enfrentamos problemas piores, e o milagre americano, a mágica americana, sempre prevaleceu", declarou Buffett durante a transmissão ao vivo. Claramente, ele acredita que os mercados se levantarão novamente.
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