Morrer na Hora Certa: a Chave Para Investir no Futuro

 | 26.09.2019 13:02

Em meio a toda essa discussão singular sobre a possível imortalidade até 2050, fico me perguntando:

Se a ideia é mesmo tão boa, por que o darwinismo já não deu conta dela através da engrenagem evolucionária?

Afinal, quanto mais anos vivemos, maiores as chances de reprodução, propagando a espécie.

Espermatozoides e óvulos imortais têm um horizonte infinito de fertilidade a seu favor.

Sábia que é, a Mãe Natureza não percebeu essa tamanha obviedade?

Percebeu, mas exemplos reais ou simulados de espécies duradouras (quase imortais) acabam esbarrando em outro obstáculo severo.

Em contexto no qual os recursos para a sobrevivência são escassos, morrer na "hora certa" é a chave para garantir que as próximas gerações também terão premissas básicas de subsistência.

Entre ter uma única geração eterna/invariável e inúmeras gerações beneficiadas pela tentativa & erro das mutações genéticas, a natureza escolheu (sabiamente) a segunda alternativa.

Não sei como Ray Kurzweil pensa em driblar a restrição de recursos escassos, se vamos colonizar Marte ou aprenderemos a fazer fotossíntese.

Mas a solução financeira já desponta antecedente.

De repente, habitamos um mundo de taxas de juro negativas, no qual a liquidez é abundante em vez de escassa.

Nem por isso, entretanto, as empresas nas quais investimos se tornaram imortais.

Ao contrário, na verdade.

A idade média de uma empresa listada no S&P 500 (o Ibovespa americano) caiu de 60 anos na década de 1950 para menos de 20 anos agora.

Até mesmo as grandes holdings e os grandes monopólios — temidos por sua eternidade anticapitalista — deram conta de plantar a semente da própria fugacidade.

Como nos ensina Nassim Taleb, existem três tipos de conglomerados:

(i) aqueles prestes a declarar falência.

(ii) aqueles que já estão falidos, mas ainda conseguem disfarçar por um tempo.

(iii) aqueles que já estão falidos, mas ainda não se deram conta.