William Alves | 22.03.2021 11:06
Desde meu último texto aqui, há 2 semanas, sinto que as discrepâncias e diferenças entre Brasil e EUA só aumentaram. Aliás, os EUA tem mostrado novamente que o megainvestidor Warren Buffett estava certo, não é mesmo? Never bet against America! Vamos lá que explico.h2 EUA: A águia voando/h2
Tivemos uma semana bastante agitada e cheio de nuances no mercado. Entre altos e baixos, a bolsa americana fechou sem grandes oscilações e sem uma tendência definida, mas ainda assim muito próximas das máximas históricas.
A semana passada começou em compasso de espera do principal evento da semana que foi a decisão de juros nos EUA e os comentários do presidente do FED Jerome Powell sobre a economia americana. Powell não falou, recitou uma poesia ao mercado. Tanto é que na quarta-feira pós sua fala os mercados atingiram novas máximas históricas.
Mas o mercado é um agente bastante intenso, bipolar eu diria. No dia seguinte vimos os juros americanos longos de 10 anos saltarem e isso trazer para baixo as empresas de tecnologia – segmento esse que representa uma parcela bastante relevante da bolsa americana.
h2 A foto não representa o filme?/h2A “foto” da semana não se mostrou positiva, mas o filme me parece que segue sendo positivo para o mercado americano. Veja que na fala de Jerome Powell ele atualizou as perspectivas de crescimento da economia americana, a qual espera-se que cresça 6,5% em 2021, 3.3% em 2022 e 2.2% em 2023. Esse crescimento deveria levar os EUA a voltarem a situação de pleno emprego em 2023 com a taxa de desemprego caindo dos atuais 6,2% para 3,2%.
Lógico que estamos falando de projeções, as quais carregam um grande índice de incerteza, mas o ponto é que os EUA vem vacinando sua população…
h2 Vacinação avança…/h2Ainda assim, o que tem destacado os EUA do mundo é a capacidade de vacinação rápida. Os EUA vacinaram 37% da população e o número ficou inclusive acima do número previamente estimado pelo presidente Biden.
E os casos de hospitalizações e de mortes vem caindo vertiginosamente (vide gráficos abaixo).
Esses dados tem ajudado a reforçar um sentimento de reabertura, esse é o sentimento que vivo aqui, de um mundo que reabre e começa a vencer a Covid-19!
Vou jogar uns gráficos aqui que ajudam a mostrar isso…
Número de passageiros voando nos EUA segue aumentando. Ainda longe dos níveis pré-pandemia, mas já avançando.
Índice de atividade industrial do FED da Filadélfia, uma região tradicionalmente bastante industrializada e que fornece uma boa representação da atividade manufatureira dos EUA. O índice veio acima do esperado e atingindo máximas em anos.
Nessa semana os americanos começaram a receber os cheques de US$ 1.400,00 de socorro à economia. E o que já vimos foi um impacto disso nos índices de confiança das pessoas na economia – vide gráfico abaixo. Todos os cinco indicadores medidos pela ESI aumentaram nas últimas duas semanas.
A geração de empregos medida pelo último payroll veio bem acima do esperado. O número de posts com vagas de empregos no Indeed (site de busca de profissionais) vem crescendo.
Os restaurantes começam a reabrir, ainda com restrições, mas o volume de reservas medido pelo índice OpenTable Seated Diners Index aumentando.
A confiança dos CEOs americanos atingiu recentemente o maior nível desde 1983!
E daria pra citar outros, mas não quero ser enfadonho….
h2 Mas e os yields?/h2A Suíça, o Japão, a Dinamarca, por exemplo, crescem bem menos que os EUA, e por isso talvez faça sentido que a taxa de juros desses locais seja 0% ou mesmo negativas.
Já nos EUA, vivemos um momento de reabertura da economia com fortes perspectivas de crescimento e geração de emprego e renda. A taxa de inflação dos EUA dos últimos 12 meses foi de 1,7%. Os Fed Funds (a “Selic americana”) está em 0,25%, ou seja, temos aqui um juro real (descontado da inflação) negativo de 1,45%. No entanto, considerando esse crescimento prospectivo, é normal supormos uma normalização de política monetária em algum momento. O que estamos vendo nos yields é o mercado antecipando, apenas isso. É normal que um país que cresça não trabalhe com taxas de juros reais negativas. Então, se a inflação americana subir para 2% ou 3%, por conta em parte do crescimento, é normal que os yields subam. É até saudável que isso aconteça!
Agora, se a economia cresce, as empresas tendem a vender mais e lucrar mais e isso é uma ótima notícia para quem investe em negócios. O trend secular de maior utilização da tecnologia em diferentes vertentes me parece que ainda tem muito espaço de crescimento. Logo entendo o momento como ímpar para quem quer investir nos EUA.
h2 MUNDO: It is not just Brazil…/h2Já no mundo as coisas ficaram meio estranhas semana passada com o receio de uma terceira onda avançando sobre a Europa. Na sequência e no mesmo dia (quinta-feira), vimos a França anunciar o fechamento de Paris por receio da terceira onda de Covid-19 no país. Mas, se a França tem receio, por que os outros não teriam? Pois é, vimos Alemanha falar em fechamento e a Itália também. Fora isso, na mesma semana diversos países informaram que iriam parar de usar a vacina da AstraZeneca (NASDAQ:AZN) (SA:A1ZN34) por receios com efeitos colaterais.
Qual é a leitura de mercado? Se a Europa enfrenta uma terceira onda e se reduz o seu já lento ritmo de vacinação, o continente deve crescer menos e isso bate na perspectiva de crescimento do mundo em maior ou menor medida.
O impacto de um mundo que pode decepcionar em seu ritmo de abertura foi uma queda no preço de petróleo (cerca de 11% de queda das máximas do início do mês) e de outras commodities .
Pra ajudar, o presidente turco Erdogan, destituiu o presidente do banco central do país, Naci Agbal, dois dias depois de um aumento maior do que o esperado nas taxas de juros. É a terceira vez, desde meados de 2019, que Erdogan troca o presidente do Banco Central. Isso traz certo receio quanto ao Brasil. Isso porque nossa economia também foi fragilizada com a crise da Covid-19, mas se encontra no início de um ciclo de aperto monetário; junto a isso as últimas declarações do presidente foram na linha da intervenção, logo os agentes temem que o mesmo poderia acontecer no Brasil. Abaixo gráfico da Lira Turca despencando contra o Dolar nessa manhã…ou seja, o dolar ficando mais caro para os turcos.
E chegamos nos nosso brasilzão querido, onde a galera anda fazendo baile funk no metro no rio…dizem q a covid se divertiu a vera!
Isso é o tipo de coisa que realmente deixa o cara preocupado, mas Brasilzão sempre foi meio zoneado mesmo. Mas não por acaso andamos assustando o mundo…e nos assustando…triste ver o número de mortes ainda subindo.
Estamos vacinando, melhor que muita gente, mas também pior! Não dá pra dizer que estamos indo bem no quesito vacina. Aparentemente a Argentina nos passou!
Acho que nem preciso dizer o quanto a vacinação é importante para economia. né? Veja que os indicadores de frequência mostram desaceleração, e a confiança também se reduziu.
Estamos vivendo na pele! Não por acaso o Brasil, com sorte, vai crescer METADE do que os EUA esse ano, lamentável!
h2 Unidos do falar bobagem…/h2Fora isso nao tem como não se preocupar com as barberagens que vimos sendo feitas em termos de condução de política no Brasil. Novos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados empossados: cade as reformas?
Não, o que tivemos foi uma debandada do atual governo. Cada semana sai um?! Isso e algumas declarações que tiveram o seguinte impacto:
Redução dos fluxos de capital estrangeiro para ações no Brasil e aumentar o risco país. Os gringos ficaram bemmais cautelosos com o Brasil. Várias casas revisaram projeções para baixo.
h2 No preço? /h2Gosto de pensar que isso tudo já está no preçom e o que não está no preço? A possibilidade de avançarmos a vacinação e reabrirmos a economia, aliás uma economia que se recuperou rápido do choque da covid-19.
Penso que tudo que comentei já está no preço do dólar, bolsa e juros.
Juros: Ahh…Não falei dos juros aqui, mas essa alta de 0,75% foi necessária. Não resolve absolutamente nada. Não muda absolutamente nada. Seguimos com juros reais negativos, seu dinheiro segue sendo corroído em aplicações de Renda Fixa que não remuneram a inflação. Juros baixos não tem ajudado a estimular a economia, e essa alta pra 2,75% não faz nem cócegas no dólar. Mas foi necessária.
Para bolsa, penso que sim já tem muita coisa precificada. E se a a possibilidade de avançarmos a vacinação e reabrirmos a economia não está no preço, temos muito upside correto?
Sim.
Mas não dá pra esquecer que sempre pode piorar!
Era isso.
Aquele Abraço!
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