Na Prática, a Teoria é Outra: Dólar Alto e Selic Baixa Não Motivam Economia!

 | 06.03.2020 07:06

Parece fácil estrategicamente “contornar” toda a gama de empecilhos existentes para a retomada efetiva do “espírito empreendedor” do setor produtivo do Brasil, estimulando um contexto com o preço do câmbio elevado “na marra” e juro baixo viável devido a inércia da atividade econômica que promove inflação baixa, mas ocorre que a relação causa-efeito teórica não acontece na prática, o país precisa de ações mais assertivas e não tentativas.

O Brasil começou 2019 com sinalizações fortes por parte do novo governo, e, com a sinalização de prioridade para as reformas imprescindíveis construiu um ambiente otimista em perspectiva, mas com o passar do tempo a dinâmica foi perdendo tração e, após a Reforma da Previdência que demorou demasiadamente, as sequentes como Tributária, Administrativa, e outros ajustes perderam ímpeto, e desta forma, também perdeu ímpeto a perspectiva de avanço no PIB, na geração de emprego, renda, consumo e da questão fiscal do país.

O Brasil tem “instalado” o quadro que fomentou “cambio alto juro baixo”, sem que haja como mensurar ou fundamentar o que seja “câmbio alto”, que foi algo empírico forjado pelo Ministro Paulo Guedes sinalizando a utilização do câmbio como fator para conter a “desindustrialização”, motivando com a combinação do juro baixo, o investimento massivo pelo setor produtivo para retomar ritmo a atividade econômica, e, ao mesmo tempo “construindo” a competitividade de exportação do Brasil ao mesmo tempo em que inibiria a importação de produtos concorrentes, com reflexos na balança comercial.

Na margem, poderia promover atratividade do país para investimentos estimulado pela conversão da moeda estrangeira em bases mais interessantes promovendo um “barateamento” do Brasil que é considerado um país caro, e, tanto para conta capital quanto para o mercado acionário, já que o mercado de renda fixa perdeu atratividade pela queda do juro.

Esta é a teoria, que, contudo não se materializou na prática, pois numa estratégia com fundamentos frágeis, principalmente ancorada no dólar alto, é fundamental que o setor produtivo tenha confiança na mesma, o que não ocorreu e nem ocorre.

Por outro lado, o governo que está sem capacidade de investimento na infraestrutura não conseguiu fazer deslanchar o programa de privatizações, que, também teoricamente, despertaria atratividade até porque há disponibilidades de capitais no mercado global sendo remunerados com taxas negativas ou taxa zero.

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Dólar alto por si só não é impulsionador de exportações como pode parecer à primeira vista, é preciso que os produtos em si sejam competitivos e que a irrealidade do preço de conversão não seja tamanha que implique em “dumping” ou enseje reclamações aos órgãos competentes, e, as “commodities” tem preço formado nas bolsas e não passam despercebidas as relações paritárias das moedas.

Então, com reformas entravadas e uma estratégia de reativação da atividade econômica que não motivou o setor produtivo, os níveis de investimentos continuaram abaixo do esperado e as exportações perduram fracas comprometendo o resultado da conta transações correntes.

Temos então, um visível “corner” para o governo, pois não dá para retroagir na estratégia implantada e estimulada do câmbio alto e juro baixo, e continuar conduz as perspectivas a certa nebulosidade.

Ocorre que, neste momento, acentua-se mundialmente, após atenuada a tensão em torno da China-USA, a crise emanada em decorrência do vírus coronavírus, já expressiva, mas que ainda não é possível ser dimensionada em grandeza efetiva e longevidade.

Na nossa percepção, ocorre que o fato novo impacta sobre uma estratégia que já vinha sendo executada com sinais de insucesso, e assim, colocou mais pressão na depreciação das moedas emergentes, já que estes países em tempo de crise passam a ser preteridos pelos países desenvolvidos nos seus fluxos de investimentos, ainda que o Brasil venha mantendo um CDS em bom patamar, mas com a economia fragilizada mantém a perda de atratividade aos investidores estrangeiros.

Resultante é o preço do dólar num alinhamento para atingir R$ 5,00 e o juro ser drasticamente reduzido, por absoluta falta de condições de irreversibilidade, mas que deixa muitas dúvidas quanto a retomada da atividade econômica, sendo razoável admitir-se revisões sequentes para pior do desempenho do PIB.

Não estão se concretizando a retomada do investimento no primeiro trimestre e também da produção com a indústria decepcionando, e a bem da verdade isto nada tem a ver com o coronavírus. Por outro lado, é desapontadora a implementação da agenda econômica no Congresso, e a todo o momento há posturas políticas conflitantes, o que agrega perda maior de confiança.

O quadro político não enseja que as reformas Tributária, Administrativa e ajustes necessários ocorram com a urgência que o país precisa e necessita, principalmente por se tratar de ano eleitoral.

O BC após longo período ausente do mercado de câmbio com suas intervenções, fato que permitiu a apreciação em torno de 10% do dólar, retomou a oferta de swaps cambiais tradicionais, com baixa efetividade na contenção da alta e, acreditamos, acabará “devolvendo” ao mercado futuro de dólar boa parte do “hedge” retirado com os “swaps cambiais reversos” que conjugou com as ofertas de dólares no mercado à vista, em montante superior a US$ 30 Bi.

Há indícios de que o real, à margem de todos os demais fatores de influência, esteja sob ataque especulativo, e se for o caso, a ação do BC com intervenções com leilões de swaps cambiais tradicionais deveria ser mais contundente e firme.

Por outro lado, aguarda-se que o BC dê início à venda de dólares à vista para suprir a demanda no mercado à vista, que tem mitigado com oferta de linhas de financiamento em moeda estrangeira, mas os bancos já estão com posições vendidas (a descoberto) da ordem de US$ 38,0 Bi o que indica que precisarão de oferta de dólares moeda efetiva.

É difícil a retomada do otimismo e da confiança e há até uma perplexidade em torno das perspectivas de curto/médio prazo para o país

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