O Eterno FUD do IOTA – ou Por Que Pretensão Demais Pode Matar?

 | 23.03.2018 11:30

Uma questão fundamental para todo investidor em criptomoedas é a tecnologia. Se uma criptomoeda não é eficiente e tem a segurança comprometida, dificilmente ela terá valor – até pela falta de credibilidade em reservá-lo – e não será usada. Mesmo as criptomoedas cujo objetivo é ser meio de pagamento ou transmissão de dados não podem ter falhas críticas, posto que isso pode levar a pagamentos duplos ou imprecisão na informação transmitida. Equipes de desenvolvimento precisam permanecer atentas a isso e, de maneira geral, ao passo que buscam inovações, devem procurar manter certos aspectos confiáveis e robustos ao famoso “teste do tempo”.

Um caso interessante desse teste é o desenvolvimento de uma função geradora de hashs. A SHA-3, sucessora da função usada no Bitcoin, foi o resultado de um torneio entre criptógrafos de ponta que durou anos. Mesmo com sua criação, a SHA-2, utilizado no Bitcoin, permaneceu em uso como padrão, posto que ainda não há ataques significativos conhecidos. É preferível usar o SHA-2 ao SHA-3 em algumas aplicações por sua resistência ao tempo, porém é conveniente ter a reserva SHA-3 por robustez. Vemos nesse caso que criptografia é coisa séria e exige muito tempo de desenvolvimento cauteloso.

Por isso mesmo, o IOTA logo numa primeira análise deve despertar um pé atrás. Suas tecnologias todas são muito inovadoras. Blockchain? Não, Tangle: mais rápida, adaptativa e escalável. SHA ou Scrypt como criptografia? Não, Curl, uma solução dos próprios desenvolvedores. Lógica binária como absolutamente quase tudo que opera, bem, sobre máquinas binárias? Não, lógica ternária. Esses são alguns das promessas suspeitas do IOTA. Claro que nada impede a equipe de ser genial e revolucionária – afinal, Satoshi foi –, mas tanta inovação tão rapidamente substituindo vários elementos-chave sem o menor pudor e, segundo alguns mais críticos, rigor?

Naturalmente, havia caroço no angu do IOTA. Em agosto, pesquisadores do MIT encontraram um bug na função hash da criptomoeda. Essa falha possibilitaria um ataque de livro-texto, básico. O bug foi rapidamente corrigido. Uma pausa: não acredito que toda e qualquer falha técnica seja imperdoável, como pode ser visto fez mais um report crítico indicando que, apesar da falha ter sido corrigida, ainda haveria pontos críticos e problemáticos na moeda. A isso se seguiu um forte período de Fear, Doubt e Uncertainty (FUD) na moeda.

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