O Fed e o Dólar dos Ilusionistas e Iludidos - Parte 2

 | 08.12.2021 16:43

Essa é a segunda parte da análise. Confira a primeira aqui

É importante compreender que o objetivo do Federal Reserve (Fed) e do governo não é combater a inflação, mas sim ressuscitá-la. Em benefício próprio, não da população. Claro que a inflação jamais deverá ser muito alta, ou acabará como um tiro no pé, minando a credibilidade do governo e do banco central. Mas estas instituições precisam de uma inflação maior que a média registrada nos últimos 13 anos. Só assim conseguirão dar um calote técnico na dívida pública (permitindo que o governo pague sua dívida numa moeda mais desvalorizada) e fomentar maior circulação do dinheiro no comércio, para recolher mais impostos (mesmo sobre lucros reais inexistentes, quando ajustados pelo poder aquisitivo do dinheiro).

Há muito mais pão e circo nas políticas do Fed, do que imagina a maioria das pessoas. A instituição vem fazendo um ilusionismo financeiro diante da imprensa e da população mundial, no objetivo de criar grandes receios de inflação persistente e generalizada. O princípio está no conceito das profecias autorrealizáveis. O Fed espera que a expectativa de inflação, por si mesma, crie inflação, acelerando consumo, investimento, intermediação financeira, comércio internacional e depreciação da moeda.

No ano passado, o chairman do Fed Jerome Powell chegou a dar entrevista ao programa 60 Minutes, da televisão americana, para reforçar a ilusão popular de que o Fed teria inundado a economia com sua "impressão de dólares". Não é verdade. Como eu já dizia em "O Fed Não Cria Mais Dólares", só os bancos comerciais criam de fato o dinheiro que circula nas ruas. Não o Federal Reserve.

Mas é bom lembrar que o Fed está batendo de frente contra forças mais autênticas e impressionantes que ele. O envelhecimento demográfico, o avanço tecnológico e o já abusivo endividamento privado acumulado são fatores desinflacionários!

Os afrouxamentos monetários do Fed (QE, ou Quantitative Easings) começaram depois de setembro de 2008, quando o banco Lehmann Brothers faliu. A intenção era fomentar inflação nos EUA e desvalorização da moeda americana através de uma suposta "impressão de dólares" ou "criação de dinheiro" pelo banco central. Vejamos então qual foi o resultado, de lá para cá. Apesar de todos os QEs do Fed, o dólar dos EUA se valorizou perante as principais moedas estrangeiras. O dólar subiu em relação ao real brasileiro, ao euro europeu, à libra esterlina britânica, ao rublo russo, à rúpia indiana, ao peso chileno, ao iene japonês, ao dólar canadense e ao dólar australiano – apenas para citar algumas moedas.

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