O papel dos ETFs na montagem de uma carteira de investimentos diversificada

 | 29.11.2023 10:00

Investir é essencial para construir patrimônio e realizar seus objetivos financeiros. Mas para alcançar um equilíbrio adequado entre risco e retorno é preciso ter uma carteira de investimentos diversificada. Nesse sentido, os fundos de índice (ETFs) podem ser bastante úteis. Eles são veículos de investimento com gestão passiva que visam replicar o desempenho de um índice de mercado.

Normalmente o portfólio do ETF é composto por diversos ativos, o que ajuda na diversificação. Contudo, também é possível utilizar outras estratégias para diversificar da maneira correta e aproveitar os benefícios dessa estratégia.

Como funciona a montagem de uma carteira de investimentos diversificada?/h2

Quando uma pessoa começa a investir, é normal que ela tenha um ou poucos tipos de investimento na carteira. Com isso, o capital fica concentrado apenas nessas oportunidades. Contudo, conforme o patrimônio cresce, é essencial ter atenção com a diversificação. Essa estratégia consiste em distribuir os recursos entre diferentes alternativas do mercado financeiro. O objetivo é reduzir os riscos e ampliar o potencial de retorno de uma carteira de investimentos.

A diversificação é baseada no princípio de que a performance dos investimentos individuais pode ser afetada por diferentes questões econômicas, políticas e sociais. Logo, ao ter uma carteira com alternativas expostas a condições diferentes, você pode reduzir a volatilidade geral do portfólio e torná-lo mais equilibrado ao longo do tempo. Para tanto, a estratégia funciona por meio da escolha de investimentos com riscos distintos. Então o foco é alocar o patrimônio em diferentes alternativas que tenham correlação negativa ou sejam pouco correlacionadas ou até descorrelacionadas.

O conceito de correlação se refere a uma relação recíproca entre dois ou mais elementos. No mercado financeiro, um exemplo dessa relação é quando uma notícia afeta de forma similar o comportamento dos preços de ações de empresas de um mesmo setor; neste caso, chamamos de correlação positiva. Caso o efeito ocorresse no sentido inverso ­— quando um preço de uma ação cai e o de outra ação sobe, por exemplo — dizemos que os ativos são negativamente correlacionados, o que tende a compensar parte das perdas em um portfólio

Por sua vez, os investimentos descorrelacionados ou com correlação nula não possuem relação ou dependência. Dessa forma, o comportamento de ambos acontece de maneira aleatória, sem que exista uma efetiva ligação entre eles.

Diversificação x pulverização/h3

Quando o assunto é diversificação, vale ter atenção para a sua carteira não ser pulverizada. A pulverização acontece quando o investidor divide os recursos em muitos investimentos diferentes, mas que possuem características semelhantes.

Em geral, isso ocorre quando não há uma estratégia clara ou um critério definido para as decisões, resultando na escolha de investimentos com correlação positiva. Então é como se o investidor apenas espalhasse o dinheiro de forma aleatória, sem considerar as particularidades de cada alternativa. Um dos principais problemas da pulverização é a ausência de um acompanhamento adequado da carteira de investimentos. Com um portfólio pulverizado, fica mais difícil monitorar o resultado de cada ativo individualmente e é mais provável que aconteça uma concentração de capital.

Como resultado, ter muitos investimentos escolhidos de maneira aleatória na carteira pode aumentar a exposição a riscos específicos e reduzir as chances de ganhos.

Como os ETFs podem ajudar a montar uma carteira diversificada?/h2

Como você viu, a diversificação envolve alocar seus recursos em alternativas de diferentes mercados, setores e riscos. Nesse sentido, uma forma de investir de maneira estratégica e equilibrada é por meio dos ETFs. Como muitos deles permitem acessar diversos ativos em um único investimento, os fundos de índice podem ajudar na diversificação da carteira. Um ETF de ações, por exemplo, pode ter o portfólio composto por papéis de diferentes empresas e segmentos, reduzindo a exposição a uma única companhia ou setor.

Além disso, existem ETFs que replicam índices de setores específicos, como de games, agronegócio, criptomoedas e biotecnologia. Essa também é uma possibilidade para obter diversificação setorial, expondo seus recursos a áreas promissoras da economia. O segmento de tecnologia, por exemplo, ainda é pouco desenvolvido no Brasil.

Quais as vantagens de investir em ETFs?/h2

Sabendo que os ETFs podem ser úteis para diversificar a carteira sem pulverizá-la, vale conhecer as vantagens de investir nesses fundos. Veja quais são os principais benefícios que eles podem apresentar para quem investe:

Diversificação/h3

Como você viu, investir em ETFs é uma forma de se expor a um índice de mercado e, muitas vezes, a um portfólio completo. Por esse motivo, os fundos de índice são bastante úteis para diversificar a sua carteira de investimentos de maneira efetiva. Embora um único ETF composto por diversos ativos já contribua para a diversificação, é possível utilizar diferentes estratégias para ter melhores resultados. Por exemplo, você pode escolher um fundo de índice de renda fixa, composto por títulos com diferentes características.

Outra possibilidade é investir em ETFs setoriais, que utilizam índices focados em apenas uma parte da economia, em segmentos como agrícola, por exemplo. Isso significa que ele não está exposto ao desempenho do setor agrícola de um único país. Dependendo do ETF, também é possível participar de mercados alternativos, ainda pouco explorados e que apresentam maior potencial de retorno. Entre eles, estão os setores de jogos e e-sports, smart contracts e NFTs (non-fungible tokens).

Liquidez/h3

Como os ETFs são negociados na bolsa de valores, eles tendem a ser alternativas de alta liquidez, principalmente se tiverem formador de mercado contratado. Segundo a definição da B3 (BVMF:B3SA3), “o formador de mercado é uma pessoa jurídica, devidamente cadastrada na B3, que se compromete a manter ofertas de compra e venda de forma regular e contínua durante a sessão de negociação, fomentando a liquidez dos valores mobiliários, facilitando os negócios e mitigando movimentos artificiais nos preços dos produtos”. Dessa forma, você pode comprar ou vender cotas dos fundos de índice durante o horário de funcionamento do mercado, o que proporciona mais flexibilidade para ajustar sua carteira conforme as suas necessidades.

Internacionalização/h3

Agora você sabe que muitos ETFs disponíveis no mercado seguem índices de ações, de setores específicos e até de renda fixa. No entanto, eles não precisam se limitar ao ambiente nacional e podem usar índices de outros países como referência. Ao investir em um ETF internacional, você expõe parte do seu patrimônio a condições do exterior. Dessa forma, é mais fácil evitar a concentração de recursos apenas no mercado nacional e reduzir o risco Brasil do seu portfólio.

De acordo com uma análise da JP Morgan , embora o Brasil seja a maior economia da América Latina, o país responde por apenas 2% do PIB (Produto Interno Bruto) global. Ainda, o país corresponde a menos de 2% do mercado de capitais global. Contudo, as estatísticas mostram que os investidores brasileiros tendem a alocar 99% de seus investimentos em ativos no Brasil. Com isso, eles se tornam suscetíveis a concentrações setoriais específicas do mercado nacional.

Nesse sentido, investir globalmente pode ajudar a reduzir a concentração em determinados setores e aumentar a diversificação. Veja o gráfico que mostra as diferenças entre um investimento local diante das oportunidades globais: