Investing.com | 29.06.2018 11:26
Um ativo digital, como produto de tecnologia, precisa de uma estrutura relativamente sofisticada. Entretanto, da perspectiva de investimento, uma certa imutabilidade e robustez a novas falhas também é atraente: a maior criptomoeda, o Bitcoin, segue esse princípio e permanece desde sua criação o mais importante ativo de sua categoria. Podemos nos perguntar até quando isso será verdadeiro, mas, por enquanto, há alguns motivos para acreditar que inovação não é o único fator relevante para um criptoativo.
No entanto, quando um ativo não inova e ainda é acusado de plágio de tecnologias antigas e problemáticas, há motivos para se ter, ao menos, o alerta amarelo ligado. É o caso da criptomoeda TRON, cuja mainnet foi lançada recentemente e teve sua independência da rede Ethereum – onde era um token ERC20 – no dia 25. Essa criptomoeda, apesar de seu líder carismático Justin Sun e de um lançamento mais estável que a da concorrente EOS, parece ter críticos com argumentos plausíveis. Nesse texto avalio algumas dessas críticas a fim de explorar a geração de valor que a rede pode trazer.
Lucas Nuzzi, pesquisador de criptoativos da ótima Digital Assets Research, afirmou em seu twitter que grande parte das tecnologias envolvidas na TRON é copiada de competidores. Se fossem apenas plágios simples já seriam graves, mas não afetariam tanto o desempenho da criptomoeda e, apesar de riscos nos tribunais, poderiam significar usar algo consolidado e bom. O problema é que as tecnologias copiadas foram baseadas em estruturas passadas comprovadamente problemáticas, sem grandes melhorias.
O protocolo TRON guarda semelhanças com uma das implementações mais antigas do Ethereum, a EthereumJ, baseada em Java. A EthereumJ já foi popular no começo do Ethereum, porém sofria problemas que a fizeram ser considerada até hoje não confiável. Pode-se argumentar que usar Java, linguagem com ampla aceitação e comunidade, traz vantagens. Porém, a própria história do Ethereum mostra que isso não é motivo para um projeto suceder, com outras implementações superando a EthereumJ em confiabilidade e adoção.
Uma diferença clara em relação ao Ethereum é, no entanto, uma forte aproximação rumo ao EOS. O sistema de consenso da TRON terminou por ser a Delegated Proof-of-Stake, mesmo adotado pela concorrente. Apesar do lançamento da EOS estar sendo traumático, não sou crítico do sistema (como já discuti aqui) e vejo como desejável o lançamento de uma outra plataforma usando a tecnologia. Creio que a TRON poderá, na pior das hipóteses, servir como mais um experimento para essa forma de consenso. Entretanto, mesmo nisso a TRON parece ter problemas. Aponta Nuzzi que o sistema possui grande concentração de tokens em poucas carteiras, o que viesaria a segurança do sistema Delegated Proof-of-Stake. Em todo o caso, mesmo insegura, a plataforma suporta 2.000 transações por segundo de acordo com seu website como consequência dessa escolha.
Sua capacidade de transações – uma das maiores por enquanto – mostra que, se bem-sucedida no curto prazo, a plataforma terá tempo para se desenvolver e resolver os problemas relacionados ao que copiou de pior do Ethereum. Vale notar que a NEO, outro criptoativo chinês, anunciava uma taxa similar e teve falhas relativamente críticas que sugeriam capacidade menor. Contudo, uma das principais características para avaliar o potencial financeiro de uma criptomoeda é sua comunidade e desenvolvimento no GitHub. Os números da TRON nesse sentido são impressionantes , porém, por enquanto, não se refletiram em inovações reais ou discussões interessantes de longo prazo, sugerindo que apesar da quantidade, talvez haja uma fraqueza qualitativa.
Por fim, a TRON é um projeto que levanta paixões. Alguns defendem fortemente, outros acreditam que o plágio e aparente limitação técnica no desenvolvimento é motivo para descartar a iniciativa. Tendo a concordar mais com os pessimistas, porém acredito que valha a pena observar a TRON. Com os problemas do EOS ainda por se resolverem, haver mais um ativo baseado em Delegated Proof-of-Stake é importante para avaliar a tecnologia. É claro que seria melhor um sistema com menos falhas implementado, porém haverá motivos para dar uma sobrevida para a TRON se a escalabilidade for a prometida. Não acredito, entretanto, que um projeto tenha futuro sem um core sério. Os plágios e escolhas tecnológicas revelam algo bastante negativo sobre a TRON. Para o projeto ser bem-sucedido, acredito que provavelmente o direcionamento dado terá que mudar.
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