O que a nova nota de crédito dos EUA significa para os mercados?

 | 09.08.2023 11:06

A Fitch Ratings sacudiu os mercados mundiais na semana passada, ao rebaixar inesperadamente a nota de crédito dos Estados Unidos de AAA para AA+.

A última vez em que uma agência de classificação fez isso foi em 2011, quando a Standard & Poor’s reduziu o rating do país em reação à forma como o governo americano lidou com a crise do teto da dívida.

O motivo do rebaixamento da Fitch foi semelhante ao de 2011. A agência citou os “confrontos repetidos [de dívida] e resoluções de última hora” do governo dos EUA como um fator de risco. Além disso, mencionou o aumento da dívida causado por cortes de impostos e novos gastos, bem como o crescimento dos custos dos programas sociais, como o Seguro Social e o Medicare.

(Em junho, o custo combinado desses programas foi de mais de US$ 2,3 trilhões, ou cerca de 9% do PIB dos EUA.)

Apesar de os EUA ainda terem uma economia forte, diversificada e o status do dólar como principal moeda de reserva global (por enquanto), podem enfrentar desafios no futuro. Algumas previsões apontam para uma leve recessão no final de 2023 e início de 2024, além de condições de crédito mais restritas, o que pode gerar turbulências no horizonte.

h2 Repercussões do rebaixamento/h2

O rebaixamento do rating de crédito já afetou as treasuries (títulos da dívida pública dos EUA) e as ações, prejudicando a confiança dos investidores na dívida do governo americano. As taxas subiram após a decisão da Fitch, com o rendimento das treasuries de 30 anos ultrapassando 4,3% na quinta-feira pela primeira vez desde novembro. (Quando os preços dos títulos caem, as taxas aumentam, e vice-versa.)

Um rebaixamento do rating de crédito pode ter várias consequências, sendo uma das mais óbvias um aumento nos custos de empréstimos do país por causa de um maior risco percebido de calote. Com isso, o governo dos EUA pode ter que pagar mais juros em suas novas emissões de dívida, piorando sua situação fiscal.

Com uma dívida total que superou os US$ 25 trilhões, o governo paga quase US$ 1 trilhão em juros, ou cerca de um terço do que arrecada em impostos. Enquanto isso, o Departamento do Tesouro anunciou que espera emitir mais de US$ 1 trilhão em nova dívida no terceiro trimestre.