O Que Esperar Daqui Para Frente

 | 12.01.2022 09:45

É pandemia, eleição em outubro, extremamente polarizada e povoada pelo populismo atrasado do passado, bancos centrais, pelo mundo, pensando em como apertar suas políticas monetárias, diante de fenômeno inflacionário pós-pandemia, commodities em aceleração, etc.  Enfim, um “mundo novo”, cheio de armadilhas e situações inéditas. Como atravessá-lo? Toda cautela será necessária.  

No Brasil, eleição deve capitalizar as atenções dos mercados, mas a disputa polarizada entre Lula e Bolsonaro, não parece agradar parte do eleitorado, de olho numa outra alternativa, numa terceira via. Nesta, disputam espaço, Sergio Moro, Ciro Gomes, Simone Tebet, Rodrigo Pacheco, entre outros. Claro que para o PT o ideal é ter Bolsonaro como adversário. E as pesquisas já parecem refletir isso. Lula folga com 40% e Bolsonaro estaciona nos 20%. Ambos os candidatos continuam lutando para ir ao segundo turno, rejeitando a hipótese Sergio Moro, por exemplo. 

Na economia, a situação é muito delicada, com muitos falando em recessão neste ano, depois de um crescimento de 4,5% em 2021, em muito pela base de comparação; a inflação passou de 10,0% em 2021 e parece próxima de 5% neste ano, o juro deve passar de 11% e o câmbio ameaça chegar a R$ 6,00. Sobre o a bolsa de valores, será um ano de extrema volatilidade e as ações devem sofrer com isso. E tudo piora quando se vê a agenda econômica do PT, totalmente descolada no tempo e no espaço. Uma série de medidas populistas, irresponsáveis e sem nexo para o mundo que vivemos, parecem estar em gestação.

No mundo, os EUA tomam a frente no processo de normalização monetária, mas toda cautela é necessária. Para este ano, a taxa do Fed Funds, em 0,25%, deve ter um ajuste agora em março de 0,25 ponto percentual, e mais dois ou três, na mesma intensidade, ao longo do ano. Lembremos que o CPI, que sai hoje, passa de 6,8% e o objetivo é trazê-lo para o centro da meta, em 2%. Neste contexto, o Fed, atrás da curva, deve correr atrás do prejuízo e elevar o juro nos próximos dois anos. Tudo, no entanto, dependerá do ritmo da inflação e da economia, com especial atenção para o nível de emprego. 

Na terça-feira, o dólar registrou uma queda forte, mais de 1,6%, a R$ 5,58, enquanto a bolsa de valores registrou uma boa valorização de 1,8%, a 103.778 PONTOS.   A corroborar para isso o discurso de Jerome Powell no Congresso. Disse ele que elevará o juro por mais tempo para controlar a inflação. Ao que parece, este tom mais hawkish já foi “precificado” pelo mercado. No Brasil, juros futuros médios e curtos fecharam próximos da estabilidade, já que o IPCA mais elevado não mudou as apostas de elevação da Selic em 1,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom. Uma carta de justificativa do Bacen também acabou inevitável, mesmo que repetindo a ata do Copom. 

Hoje, como dito acima, é dia de CPI de dezembro, com o mercado atento para o núcleo do índice, previsto em torno de 5,4% contra 4,9% em novembro. Muitos no mercado, inclusive, acham que a inflação deve piorar um pouco, antes de começar a ceder, conforme observamos no gráfico a seguir.