O Sentido Econômico da Vitória de Biden e Seus Riscos

 | 19.01.2021 12:43

Os Bancos Centrais mandaram os bons modos monetaristas às favas faz tempo com emissões monetária à perder de vista e agora parece ser a vez dos Tesouros Nacionais desistirem de vez de manter as aparências fiscalistas. Na semana que assume a cadeira o 46º presidente dos EUA, Joe Biden acena com um pacote de US$ 1,9 trilhões pare reanimar a economia norte-americana e muito provavelmente boa parte da economia mundial.

Era isso que se esperava faz tempo do líder de uma superpotência, que desse um passo a frente e fizesse via política fiscal de maneira explícita o que se fazia de maneira envergonhada via política monetária. Os juros em zero nas economias centrais são reflexos desta situação limite; é como se os capitalistas do mundo tivessem corrido para debaixo das saias dos Tesouros Nacionais comprando seus títulos como que dizendo: não sabemos o que fazer com o dinheiro, tome o dinheiro e façam alguma coisa!

Pois bem, o Biden quer fazer algo. 

Se vai ser bem sucedido esse plano ou não isso é outra questão, não há como garantir nada quando se trata de "construir o futuro", mas o clima já estava ficando estranho entre as potências globais, afinal tanto o Tesouro alemão como o dos EUA se financiam a zero e mesmo assim Washington e Berlim estavam acovardados sentados em cima do dinheiro do Ocidente. Era necessário fazer algo.

Biden representa este movimento e ele resolveu dobrar a aposta.

Como disse os bons modos monetaristas já não valem um tostão furado entre os Bancos Centrais dos países centrais e a sanidade fiscal perdeu de vez o juízo. O déficit dos EUA se aproximou dos US$ 3, trilhões em 2020 e em cima disso querem adicionar mais US$ 1,9 trilhão. Não é pouco dinheiro.

Numa conta rápida podemos ver o gigantismo do pacote. O dólar hoje está cotado a R$ 5,26, logo o pacote é em reais é quase de R$ 10 trilhões o que dá 1,23 PIB do Brasil, ou seja, Biden vai jogar na economia dos EUA de helicóptero nada menos que o 1,23 Brasil. Uma monstruosidade.

Agora a questão é a seguinte. Antes os pudores fiscalistas, mesmo que fossem para inglês ver, serviam para tentar ancorar parte dos juros de longo prazo, mas agora nem isso teremos. Como podemos ver no gráfico abaixo a situação fiscal nos EUA (isso se repete em todas as economias do mundo) simplesmente saiu de esquadro.

A vitória de Biden representa no plano econômico a tentativa de reciclar os capitais do mundo "refugiados" nos cofres dos Tesouros Nacionais através de um programa de investimento público decidido dos EUA. É necessário que se faça isso e é justamente isso que se espera de uma superpotência: que esta seja o "importador de última instância" puxando a demanda global e reorientado a atividade planetária.

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No entanto os riscos são nitidamente elevados. Nunca vimos um endividamento nestes patamares. 

Se conseguirmos "fugir para frente" através do investimento bem sucedido a conta fecha, caso contrário o ressentimento do mercado pode ser violento dado o estoque geral da dívida. 

A posse de Biden e sua presidência são absolutamente cruciais para o destino da humanidade para cicatrizar as feridas iniciadas e nunca fechadas da crise de 2008. Ou bem os EUA exercem seu poder político/econômico ou os EUA não servirá mais para este papel. 

Olhar os juros longos nesta perspectiva é verificar a validade do dólar como fiador da atividade global. 

Veja análise completa no vídeo abaixo: