Olhando o Futuro e Não Repetindo o Passado

 | 23.05.2016 18:38

Números redondos sempre nos remetem a alguma realização ou missão cumprida.

A Lopes Filho & Associados chegar ao Informe Semanal número 2000 não foi fácil, ainda mais neste mercado que desde 1977, data da sua fundação, passou por tantas turbulências. Se nos atrevermos a citar algumas podemos até nos perder, mas vamos tentar traçar um fio condutor. Primeiro brevemente falando da evolução política do País nestes trinta e oito anos e meio, depois falando da árdua trajetória econômica.

No plano político poderíamos começar falando dos estertores do regime militar e do alvorecer da Nova República, da tumultuada troca de comando, depois da morte de Tancredo Neves em 1985, da promulgação da Constituição Federal de 1988, da primeira eleição presidencial em 1990, depois de 27 anos de “escuridão”, da frustração com o impeachment de Collor de Mello, da transição de poder até 1994, quando da eleição de FHC, sob os auspícios do Plano Real, algo inovador para a época, pela reeleição em 1998, na tese de manter e governabilidade e a estabilização da moeda, a derrota do PSDB em 1989 e a esperança de ascensão de uma esquerda ética no poder, depois das eleições de Luiz Inácio Lula da Silva. Este acabou importante, num primeiro momento, pelas políticas de transferência de renda adotadas, surfando numa boa onda de liquidez mundial abundante e commodities em alta, mas se perdeu por se beneficiar de seu poder. Primeiro com o Mensalão, agora com o Petrolão, a Operação Lava Jato. Este acabou como o começo do fim do ciclo petista, depois do muito provável afastamento da presidente Dilma.

Para piorar, as políticas mais pragmáticas do presidente Lula foram sendo abandonadas no seu segundo mandato, até chegarmos a eleição de Dilma Roussef. Tentou ir por um caminho diferente, criou a “nova matriz macro” e colocou tudo a perder.

É aqui que ingressamos na análise da economia. É a partir dela, inclusive, que é possível explicar um pouco do nosso desassossego. O caos fiscal atual, com o déficit primário ameaçando passar de R$ 200 bilhões neste ano, o PIB mergulhando em recessão e o desemprego acima de 11 milhões é a herança deixada pelo lulopetismo. Até o Plano Real, sob a gestão de FHC, ou um pouco antes, em algumas direções do governo Collor, até deu para se imaginar que havíamos enterrado da nossa trajetória o conceito de Estado Nacional Desenvolvimentista, tão em voga nos anos 70 e 80. Foi nesta época, aliás, que surgiu a Lopes Filho & Associados. Em 1977 quando predominava o debate sobre a necessidade de consolidar a indústria nacional e acelerar o “programa de substituição de importações”, principalmente em derivados de petróleo, visando superar o primeiro choque do petróleo em 1973/74.

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Foi neste período que a indústria petroquímica se consolidou, primeiro no setor público, depois nas empresas privadas. Foi nesta época, também, que o conceito de “desenvolvimento com endividamento” se aplicou, a partir do II PND e a necessidade de se ter uma indústria nacional de insumos, visando reduzir os gargalos da necessidade de importação.

Embora com muitas críticas, este modelo, consagrado pelo livro de Antonio Barros de Castro, “Economia em Marcha Forçada”, criou as bases para uma cadeia produtiva mais diversificada e dinâmica, algo inédito no continente latino-americano, cercado de economias em desenvolvimento e baseadas em pautas de exportação de commodities. Foi também um período de forte endividamento do setor público, conhecido pela “estatização da dívida externa”, na qual o governo acabou praticamente incorporando a dívida externa das empresas privadas.

A inflação era crônica e em aceleração e a dívida externa, em relação ao PIB, deu um salto, como observado na tabela a seguir. Em relação ao PIB passou de 15% para mais de 35% em meados dos anos 80. Década esta que acabou conhecida como “perdida”, pela necessidade premente dos governos de se endividarem, estimularem as exportações e inibirem as importações, para então pagar os serviços das dívidas contraídas nos anos 70. Neste período, entre 1973 e 1984, a inflação passou de 15% para 220%.