Análise Econômica | 27.03.2018 19:05
A armada de Trump e a deterioração dos balanços de pagamentos ao redor do mundo.
Os impactos das guerras comerciais que se instalaram podem ser inúmeros e potencialmente destruidores. Não que na era “pré-Trump” não haviam fortes disputas comerciais. Haviam e não eram poucas. A título de exemplo, é importante ressaltar que foram abertos 41 processos de investigação de dumping (relacionados à indústria de alumínio e aço) junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) só no ano de 2015. Entre 2012 e 2013 foram 23 processos.
O assunto em si, portanto, não é novo. Representando quase um quarto do PIB mundial, as trocas de mercadorias entre os países são constantemente alvo de disputas judiciais. Além , é claro, de discussões que fazem estremecer as relações diplomáticas dos países envolvidos.
O fato é que, desta vez, levando em consideração a excentricidade de Donald Trump, a situação parece um pouco mais delicada.
Nos últimos dois anos (2016 e 2017), os Estados Unidos realizaram um déficit comercial da ordem de US$ 1,56 trilhão de dólares. Nestes mesmos dois anos o déficit mensal médio foi de US$ 65 bilhões de dólares. Resultado que foi parcialmente suavizado pelos recorrentes superávits nos intercâmbios de serviços. Não é pouca coisa.
Para dimensionar o que são US$ 1,56 trilhão de dólares, vamos converter isso ao Real (R$) usando a cotação comercial do último dia 23/03/2018: R$ 3,31. O resultado é de R$ 5,18 trilhões, quase tudo o que o Brasil leva um ano para produzir.
E qual seria o impacto deste movimento sobre as economias menores, eufemisticamente chamadas, economias emergentes?
h3 Economias Emergentes/h3Um dos impactos mais óbvios seria o esvaziamento das reservas internacionais. A diminuição de negócios internacionais poderia conduzir, por um lado, a uma perda de valor da moeda dos Estados Unidos. Mas, ao mesmo tempo, diminuiria a capacidade dos países dependentes dos negócios com os Estados Unidos de realizar algum superávit comercial. E isso seria muito prejudicial aos seus balanços de pagamentos.
É difícil imaginar um problema advindo de reservas internacionais, nos moldes dos anos 1980. Até porque as dez maiores reservas internacionais, incluindo o Brasil, somam um valor equivalente ao PIB mundial. Mas essa mudança de postura do governo dos Estados Unidos não teria seus primeiros resultados nestas economias.
Abaixe o AppJunte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!Baixar AgoraOs países africanos, por exemplo, mesmo com a imersão chinesa, não estariam blindados de problemas nos seus balanços de pagamentos. O déficit comercial pode voltar a ser um problema de primeira ordem, principalmente nos países menores. Isso correria dada a dependência excessiva dos negócios com a China ou com os Estados Unidos. A consequência imediata seria por à prova as contas internacionais, lançando uma nova e importante rodada do FMI no cenário internacional.
Bom seria se o problema ficasse restrito apenas ao comércio internacional. Existe um outro problema, tão perigoso para as economias emergentes quanto um quadro crônico de déficits comerciais recorrentes. Adivinhou? Não? Trata-se da taxa de juros dos Estados Unidos.
h3 Para além do comércio internacional/h3Vamos tentar fugir de teorias da conspiração, mas, ao que tudo indica, Trump e sua equipe querem forjar uma nova estrutura internacional. E eles sabem quais as ferramentas devem ser usadas.
O novo presidente do Banco Central dos Estados Unidos, Jerome Powell, já mostrou a que veio. Os indicadores de PMI mais recentes, que mostram uma desaceleração do crescimento dos Estados Unidos, não foram suficientes para demover o entendimento de que chegou a hora de subir a taxa básica de juros dos Estados Unidos.
As apostas são de, pelo menos, mais três aumentos neste ano. E apesar de certo gradualismo na chamada “normalização” da política monetária estadunidense, esse processo ainda tem força para tirar boa parte dos investimentos domiciliados em outros países.
Olhando para o intento de Trump, seja do ponto de vista comercial, seja pela política monetária mais contracionista, o mundo passa por um novo momento. Os países subdesenvolvidos ou emergentes, antes protagonistas do crescimento internacional, voltam ao papel de coadjuvantes.
Novamente na história, quem cresce mais e dá as cartas do jogo são os Estados Unidos.
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