Os Fundos Reduziram Posições no Café, e Agora?

 | 14.03.2022 08:59

O contrato Set-22 chegou a oscilar +2.800 pontos na semana (entre a mínima da segunda feira, a máxima atingida na quarta-feira, e o fechamento na sexta-feira respectivamente @ 219,00 / 233,10 / 219,55 centavos de dólar por libra-peso). O Real terminou a semana cotado no spot @ 5,053 R$/US$ (oscilou entre 4,98 R$/US$ e 5,07 R$/US$).

O Set-22 tentou realizar novo movimento de alta mas sem sucesso (chegou a negociar acima dá média móvel dos 100 dias @ 230,00 centavos de dólar por libra-peso). Porém os fundos voltaram a vender/liquidar posições levando o contrato a terminar a semana abaixo das médias móveis dos 100 / 17 / 9 dias respectivamente @ 230,00 / 230,00 / 225,00 centavos de dólar por libra-peso (esses suportes agora viraram resistências).

O Set-22 conseguiu fechar a semana respeitando o importante suporte da média móvel dos 50 dias @ 218,50 centavos de dólar por libra-peso. Rompendo esse suporte o Set-22 poderá buscar os 207,00 e até mesmo os 180,00 centavos de dólar por libra-peso!

A aversão ao risco deverá continuar nas próximas semanas. Dificilmente o nosso objetivo para essa safra 22/23 dos +280/+300 centavos de dólar por libra-peso será atingido – salvo algum evento climático (geada) durante o próximo período do inverno…

Infelizmente as oportunidades para “hedgear” a produção para as próximas safras 22/23 e 23/24 acima dos +1.500 R$/saca passaram. Quem não seguiu nossas recomendações realizando as operações de hedge agora está “a mercado” torcendo para algum novo evento influenciar o quadro da “oferta e demanda” mundial (quando o Set-22 ficou negociando acima dos 240 centavos de dólar por libra-peso e o R$/US$ acima dos 5,30/5,50 R$/US$ foi possível comprar as opções de venda “Put*” e/ou as estruturas de proteção “Put-Spread*” vendendo uma opção de compra “Call*” ou “Call-Spread” para entrega do café entre junho/julho/agosto-22 contra a tela de Set-22, garantindo um preço de venda mínimo/máximo entre +1.500/+1.750 R$/saca e entre +1.600/+1.800 R$/saca para o período junho/julho/agosto-23 contra a tela do Set-23).

Alguns produtores seguem “acreditando” que o café é um produto de primeira necessidade e “não querem enxergar” que a demanda será impactada.

Vários fatores determinam o preço de uma commoditie, dentre eles: taxa de câmbio dos países produtores, custos de produção, custos logísticos, expectativa do crescimento populacional e do Pib* mundial, poder de compra dos países consumidores, taxa de emprego/desemprego, taxa de juros, importância/hábitos/necessidade do produto, e finalmente a “oferta mundial x  demanda mundial” e estoques de segurança.

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Com o índice “estoque de passagem x consumo mundial” voltando a trabalhar acima dos +15% já na safra 22/23 e aumentando respectivamente para +25%, +35% e até mesmo +50% nas safras 23/24, 24/25, e 25/26, os fundos deverão seguir reduzindo suas posições e até mesmo “indo short” (ficarem vendidos).  

Segundo o último relatório da CFTC* os fundos + especuladores liquidaram -10.456 lotes e estão comprados agora em “apenas” +38.008. Segundo meu contato em Nova Iorque, nesse período, os fundos liquidaram os -10.456 lotes no café e compraram +80.000 lotes no açúcar! Novamente os fundos + especuladores devem estar realizando operações de “long / short”, comprando outras commodities e vendendo as posições no café!  

Mesmo com toda essa volatilidade o mercado interno continuou “de lado” com poucos negócios reportados. Compradores indicando compra entre +1.250/+1.350 R$/saca e os vendedores pedindo +1.450/1.500 R$/saca.

Com o fracasso das negociações para o cessar-fogo e com o avanço das tropas russas cercando a capital Kiev e atacando pontos estratégicos (por exemplo: as cidades portuárias de Mariupol, Odessa, Kharkiv, Donbass; a maior usina nuclear da Europa – A usina nuclear de Zaporizhzhia tem seis reatores de 950 megawatts com capacidade para produzir aproximadamente 5,7 mil megawatts construída ainda na época da União Soviética, entre 1984 e 1995) as preocupações com os problemas logísticos/abastecimento voltaram a disparar os preços das principais commodities agrícolas e energia (principalmente petróleo, gás natural e trigo).

O petróleo tipo Brent chegou a negociar acima dos 130 US$/barril e terminou a semana @ 112,42 US$/barril. Putin segue com suas ameaças e já sinalizou que o petróleo poderá atingir os 300 US$/barril! A sua “arma” contra seus inimigos será a “exportação da inflação”!

Durante a semana empresas americanas, europeias, japonesas e até mesmo brasileiras  anunciaram o fechamento das operações na Rússia (Petróleo, gás e energia: BP (British Petroleum), Shell (NYSE:SHEL), Galp, ExxonMobil (NYSE:XOM),  Equinor, TotalEnergies, Orsted; Tecnologia: Apple (NASDAQ:AAPL), Samsung (KS:005930), Acenture, Microsoft (NASDAQ:MSFT), Dell, HP, Google (NASDAQ:GOOGL), Meta (detentora do Facebook (NASDAQ:FB), Instagram e WhatsApp), Twitter, Youtube, Ericson, Nokia; Indústria automotiva: Volkswagen (DE:VOWG), Ford (NYSE:F), General Motors (NYSE:GM), Renault (PA:RENA), Scania, Toyota, BMW, Jaguar Land Rover, Daimler (DE:MBGn) Truck, Nokian Tyres, Aston Martin, Rolls-Royce (LON:RR), Volvo Cars, Volvo Caminhões, Harley-Davidson, Ferrari; Aviação: Boeing (NYSE:BA), Airbus (PA:AIR), Bombardier, Embraer (SA:EMBR3), AerCap Holdings, BOC Aviation; Logística: Maersk, MSC, ONE (Ocean Network Express), Hapag Lloyd, UPS, FedEx, DHL; Varejo e vestuário: Zara, H&M, Ikea, Hermès, Burberry (LON:BRBY), Chanel, Prada, Cartier (por meio da detentora, Richemont), Gucci (por meio da detentora, Kering (PA:PRTP)), Louis Vuitton (por meio da detentora, LVMH), Nike (NYSE:NKE), Adidas, Puma; Sistema financeiro e pagamentos: Visa, Mastercard, Paypal, American Express, HSBC; Alimentação: McDonald’s, Starbucks, Coca-Cola, Pepsi, Danone, Nestlé, Heineken; Entretenimento e games: Disney (NYSE:DIS), Netflix (NASDAQ:NFLX), WarnerMedia, Sony, Spotify (NYSE:SPOT), Activision Blizzard, Epic Games, EA Games, CD Projekt Red; Outros: Airbnb (NASDAQ:ABNB), Sandvik,   McKinsey, Uefa (União das Associações Europeias de Futebol), WEG (SA:WEGE3), P&G e   Unilever (LON:ULVR)

O “monstro da inflação” já é dado como líquido e certo em todos os países e continentes. O efeito dominó já começou! Com o fechamento na Rússia das empresas acima, junto com a desvalorização do rublo (já desvalorizou aproximadamente -80%) o desemprego, desabastecimento e a inflação no país e no continente são apenas questão de tempo.

Os principais bancos centrais continuam analisando e já aumentando as taxas de juros. Na próxima quarta-feira será a vez do FED* americano (inflação americana já está acima dos +7%) e na sequência o Banco Central do Brasil (o mercado já espera que o Brasil termine o ano 2022 com a taxa de juros Selic entre +13,50/+15% ao ano). Os bancos centrais europeus também estão se preparando para anunciar novos aumentos nos juros e novas políticas monetárias.

Na última quinta-feira a Petrobras (SA:PETR4) aumentou o diesel e a gasolina em aproximadamente 20% (segundo analistas os combustíveis ainda terão que subir +15/+20% para voltar trabalhar dentro da “paridade internacional”).

Os estoques de fertilizantes e insumos agrícolas no Brasil deverão terminar nos próximos 3-5 meses. E os preços para o próximos 8-12 meses continuam sendo uma incógnita.

Com tantas incertezas e alterações no jogo geopolítico mundial os custos da próxima colheita da safra 22/23 já serão impactados (o café tipo robusta deverá iniciar as operações de colheita já no final de abril e a do café tipo arábica a partir da segunda quinzena de maio/início de junho).

Com a volta da inflação o poder de compra será afetado, e sim, podemos afirmar que os produtos “não essenciais” terão sua demanda afetada.

No curto prazo os fundamentos seguem positivos, com pouco café disponível no Brasil para suprir os embarques até o próximo dia 30 de junho-22. Segundo a Cecafé o Brasil exportou em fev-22 +3.440.963 sacas (totalizando entre julho-21/fevereiro-22 +26.313.428 sacas x +32.373.824 sacas no mesmo período ano-safra anterior).

Na teoria, considerando uma safra brasileira 21/22 em +47,7 milhões de sacas (Conab*), o consumo em +22,0 milhões de sacas, então o Brasil já está consumindo o seu estoque de passagem da safra 20/21 para a safra 21/22. Esse estoque de passagem da safra 20/21 para a safra 21/22 continua uma incógnita – só a Conab* conhece!   

Para os “vendidos” seguimos recomendando a compra de seguros contra riscos climáticos / quebra da safra para a safra 22/23 ainda não colhida. Atravessem o inverno protegidos! Essa correção do mercado poderá ser uma “janela de oportunidades” para a compra de posição/seguro através das opções de compra “Call* ou “Call-Spread* contra novas altas. Atravessem o inverno tranquilos contra eventuais geadas / quebra na safra / problemas-reflexos da guerra que ainda não identificamos.

Cuidado com as operações alavancadas, acumuladores, operações estruturadas que “aparecem/desaparecem/dobram”!

Como sempre, muita prudência nos próximos dias.

Ótima semana a todos!

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