Ouro Pode Despencar para US$1600 Após Mudança de Postura do Fed?

 | 01.12.2021 09:53

Para quem investe em ouro, o que Jerome Powell sugeriu, em seu depoimento ao Congresso ontem, foi a última coisa que eles esperavam do presidente do Fed: uma redução mais rápida dos estímulos contra a pandemia, os quais o banco central americano manteve por mais tempo do que muitos esperavam.

Além da aceleração do tapering, que começou neste mês, Powell também propôs a aposentadoria dos termos “temporário” e “transitório” do seu vocabulário sobre a inflação.

Foi o próprio Powell quem classificou dessa forma a alta dos preços, ao defender a decisão do banco central de não aumentar o ritmo de aperto há alguns meses para conter a escalada da inflação no país.

Agora, ao assumir essa posição, ele reconhece que a inflação está, de fato, aquecida e crescendo ao seu ritmo mais rápido em mais de 30 anos, o que provavelmente o fará tomar medidas apropriadas para interromper essa trajetória: elevar juros antes do terceiro ou quarto trimestre de 2022.

O veredito do mercado: de uma só tacada, Powell deixou de ser “pombo” e virou “falcão” em política monetária.

O fato de que essa drástica mudança tenha ocorrido apenas uma semana após o presidente Joe Biden nomeá-lo para seu segundo mandato à frente do Banco Central americano não passou despercebido. “Abrupto”, mas “oportuno”, ressaltou Ed Moya, analista da plataforma de negociação OANDA, ao descrever a transformação de Powell.

Tomando como base apenas a posição de Powell, a perspectiva para o ouro seria baixista, com aspectos técnicos sugerindo uma nova visita ao território dos US$1600, principalmente se seus dois inimigos, o dólar e o rendimento dos treasuries, voltarem a disparar.

h2 Mas o que explica a resiliência do ouro até o momento e qual é sua perspectiva daqui para frente?/h2

O que ocorreu, na verdade, foi que o ouro retomou o patamar de US$1800 na segunda-feira, para a surpresa de muitos.

Mas sua estadia por lá foi rápida e ocorreu depois que a CEO da Moderna (NASDAQ:MRNA) (SA:M1RN34), Stéphane Bancel, afirmou que as vacinas disponíveis no mercado podem ser inadequadas para combater a variante ômicron da Covid-19 e exigir meses de desenvolvimento para que doses específicas para a cepa sejam desenvolvidas. Os comentários de Bancel atiçaram a aversão ao risco e abriram espaço para que o ouro e outros ativos de proteção se valorizassem.

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Mas não demorou muito para que Powell jogasse um balde de água fria sobre o rali do metal, já que o dólar disparou ainda mais com suas indicações de retirada mais rápida de estímulos.

Mas o ouro não sofreu um colapso total; ele conseguiu se firmar acima de US$1775.

E existe uma razão para isso. Como salientou o estrategista de metais preciosos Warren Venketas, em uma publicação no portal dailyfx.com:

“Assim que os mercados digerirem o depoimento, a desaceleração do crescimento e as pressões inflacionárias podem fazer com que o debate sobre estagflação ganhe força. Os preços do ouro podem se beneficiar desse cenário econômico, mas ainda dependem de mais dados sobre a ômicron”.

A disparada da inflação na Europa “contribui para a interpretação de uma inflação mais aderente, o que pode favorecer uma alta do ouro”, continuou Venketas.

“A volatilidade do ouro também está crescendo, assim como a ação dos seus preços, testando agora as máximas de junho”, disse ainda.

“A volatilidade do ouro pode ser uma bênção ou uma maldição para seus preços à vista, e qualquer desvalorização do dólar pode favorecer uma alta do metal precioso.”

h2 Qual é a perspectiva técnica para o ouro?/h2