Ouro Precisa de Solução Política nos EUA se os Gráficos Técnicos Não Ajudarem

 | 01.12.2020 09:42

Publicado originalmente em inglês em 01/12/2020

Em meados do ano, era um ativo que os investidores não queriam viver sem. Agora, tudo o que os investidores querem é se ver longe dele.

Em apenas quatro meses, o ouro caiu em desgraça de forma tão impressionante quanto sua disparada anterior. Com a economia mundial cambaleando devido aos bloqueios causados pela pandemia, e o dólar e os rendimentos dos treasuries afetados pelo gigante pacote de estímulo contra a covid-19 nos EUA, o ouro ganhou um impulso de US$ 400, ou 25%, entre março e julho, que o fez atingir as máximas recordes de agosto a quase US$ 2.090 por onça.

A partir daí, após praticamente o mesmo número de meses, o ouro parece estar fadado a voltar para onde estava antes de começar sua vertiginosa espiral de alta. Desta vez, o que está pressionando o metal amarelo para baixo, sem dar sossego aos seus investidores, é o desenvolvimento de vacinas contra a covid-19. E o que está intensificando as liquidações de hedge funds e algoritmos é o selloff dos bancos de Wall Street, na crença de que um conjunto de imunizantes e terapias pode colocar o vírus sob controle em questão de meses.

No fechamento de segunda-feira na Comex de Nova York, o ouro entrega em fevereiro registrava queda de US$ 7,20, ou 0,4%, a US$ 1.780,90 por onça. Antes disso, havia atingido US$ 1.767,40, mínima que não era vista desde 19 de junho, quando tocou o fundo intradiário de US$ 1.745,50.

No mês, o contrato futuro do ouro nos EUA registra queda de US$ 112,50, ou 6%. Esse foi o pior mês do metal amarelo desde novembro de 2016, quando caiu 7%.

Os grafistas técnicos vêm definindo diversas faixas de suporte e rompimento para o ouro desde que o colapso mais sério começou há três semanas, em meio à leva de notícias positivas sobre a vacina. No entanto, o metal brilhante vem perdendo um nível atrás do outro, sem qualquer garantia real de que voltará.

h2 Ouro precisa de um grande pacote de estímulo nos EUA; será que vai conseguir?/h2

Se os aspectos técnicos não oferecem ajuda, só o que pode fazer o ouro voltar à sua glória passada é outro grande pacote de estímulo nos EUA. Autoridades do Federal Reserve estão insistindo há semanas que a economia precisa rapidamente de auxílio fiscal, assim como os americanos desempregados. O banco central dos EUA chegou a reforçar, na segunda-feira, a necessidade de continuar com seu programa de crédito contra a covid-19 até 31 de março, além do prazo original de 31 de dezembro. O Banco Central Europeu também deve anunciar suas medidas de suporte no fim deste mês.

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Mas, evidentemente, nada conseguiria impulsionar o ouro mais do que um estímulo autorizado pelo congresso americano, similar ao aprovado em março.

Naquele momento, os democratas no concreto e os republicanos do senado alinhados ao presidente Donald Trump aprovaram a lei CARES de alívio econômico contra o coronavírus. Esse pacote de US$ 3 trilhões concedeu crédito e concessões a empresas americanas, além de auxílio emergencial a determinados cidadãos e residentes permanentes.

Desde então, os dois lados não conseguiram chegar a um acordo para um pacote sucessor ao CARES, em razão de desentendimentos sobre o tamanho do próximo alívio, enquanto milhares de americanos, principalmente do setor aéreo, correm o risco de perder seus empregos seu um auxílio maior. As negociações ficaram ainda mais complicadas depois que Trump perdeu a eleição presidencial de 3 de novembro para o democrata Joseph Biden, negando-se a fazer o trabalho de transição para seu sucessor.

Na segunda-feira, o atual secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, sugeriu que o congresso use US$ 455 bilhões em fundos remanescentes do programa CARES original para fornecer alívios específicos para a economia, em vez de se comprometer com outro grande esforço fiscal. Os democratas declararam que é necessário um estímulo de pelo menos US$ 2 trilhões desta vez.

h2 Segundo turno para o senado na Geórgia ainda é essencial/h2

Para que o presidente eleito Biden, que assume em 20 de janeiro, consiga aprovar um grande pacote fiscal, os democratas do congresso precisam garantir um acordo bipartidário com os republicanos do senado, o que pode ser impossível em vista da polarização política nos EUA.

Outra solução política seria, evidentemente, o controle do senado pelo governo Biden, situação possível se os democratas vencerem o segundo turno das eleições no estado da Geórgia em 5 de janeiro. Mas, até o momento, o resultado dessas duas corridas ainda é incerto em razão da disputa acirrada entre os dois lados.

Rhona O'Connell, diretora de análise de mercado para EMEA e Ásia do StoneX Group, disse ao serviço de mercados de energia Platts nesta semana que o controle do Senado será fundamental para o próximo pacote de estímulo. A analista disse ainda sobre a economia e o ouro:

“Se os democratas conseguirem controlar o senado após o segundo turno na Geórgia, será mais fácil ‘abrir as torneiras’. Senão, a expectativa é que haja mais desentendimentos e um ritmo mais lento de recuperação”.

h2 Gráficos técnicos indicam que o ouro não pode perder de jeito nenhum US$ 1.1768/h2

Deixando de lado o controle do senado, o que os gráficos técnicos mostram para o ouro?