Pandemia Volta a Assustar

 | 15.09.2021 09:56

Indicadores de atividade da China vieram mais fracos assustando, assim como o medo de estagnação nos EUA. Ambos devem PIORAR a percepção de risco dos mercados sobre a retomada global. No Brasil, Roberto Campos Neto se ajusta a um tom mais dovish para a Selic na reunião do Copom da semana que vem.   

Acordamos nesta quarta-feira observando a atividade econômica na China perdendo um pouco de tração. A produção industrial em agosto, contra mesmo mês do ano passado, crescendo 5,3%, quando o mercado esperava 5,6%, e as vendas de varejo +2,5%, na mesma base de comparação, quando se esperava 6,3%. 

No Brasil, a revisão do PIB, também assusta (Focus), o que justificaria, talvez, uma postura do Bacen MAIS dovish para a reunião do Copom da próxima semana. Enquanto isso, na OCDE, enquanto a economia global engata uma boa retomada, o Brasil segue como um dos únicos a desacelerar. A isso damos o devido peso ao “clima político açodado”, aos bate boxas que desviam o foco e paralisam o País. Para a instituição, países emergentes, como China e Rússia, seguem em retomada do crescimento, até acima da média global. 

Sobre o Brasil, a percepção é de que o crescimento deve ficar em torno de 4,5% a 5,0% neste ano, recuando a algo entre 1,5% e 2,0% em 2022. Enquanto isso, o Bacen segue “atrás da curva” e não pode perder o controle das expectativas (“desancorajem”). Isso tende a provocar muitas críticas ao presidente Roberto Campos Neto (RCN), ainda mais depois do que disse em evento do BTG Pactual (SA:BPAC11) nesta terça-feira. 

Disse que “não vai alterar o plano de voo a cada novo dado de alta frequência divulgado”. Em paralelo, a aposta de taxa Selic, no Copom da semana que vem, recuou de 137 pontos para 111. Esta já vinha oscilando entre 125 e 150 pontos para esta reunião, depois do IPCA acima do esperado. Mas com a postura mais cautelosa de RCN...

Disse ele que “nunca houveram tantos choques de inflação em um período tão curto no Brasil, destacando surpresa com alimentos, energia elétrica e combustíveis”. Disse também que pode vir a intervir no câmbio até o final do ano para fazer frente à demandas pontuais do dólar. Isso posto, o dólar se valorizou, sinalizando que o ritmo de alta da Selic NÃO deve ser acelerado (ver ao fim).

Afirmou, por fim, que a maior parte das desvalorizações do real ocorreram no ano passado, afirmando que grande parte dos fluxos que saíram do país ainda não retornaram. “Tem dólar represado lá fora e que pode retornar a qualquer momento”. 

Em Brasília, a agenda de reformas segue à passos lentos. 

Na reforma do IR, fonte de recursos para o Auxílio Brasil, o que se comenta é que o auxílio emergencial acabará reeditado, impactando ainda mais a trajetória da dívida pública. Paulo Guedes também segue conversando sobre precatórios com o Judiciário, e sobre a necessidade de desindexar o orçamento. Nesta terça-feira, Darci de Matos apresentou seu parecer à CCJ da Câmara pela admissibilidade da proposta dos precatórios, deixando temas polêmicos para futuros debates na comissão. 

Em paralelo, Guedes, em evento do BTG Pactual, disse também que o câmbio de equilíbrio deveria estar entre R$ 3,80 e R$ 4,20, mas o “barulho político não deixa descer”. A este barulho ele considerou que Bolsonaro mais ajuda do que atrapalha. São ruídos desnecessários. Mais parece Quixote brigando com os moinhos. 

Sobre a reforma administrativa, a votação do parecer, em comissão especial, deve ficar para quinta-feira. 

Em Comissão da Câmara, o presidente da Petrobras (SA:PETR4), Joaquim Silva e Luna, disse que a participação da Petrobras no preço do botijão de gás chega a 50%, sendo o restante revenda, envase e impostos estaduais. Sobre o preço da gasolina, a Petrobras participa com R$ 2, sendo a outra parte uma série de tributos, distribuição e revenda, custo da mistura do Etanol, ICMS e impostos federais. No diesel, sua participação é de 53%. 

INDICADORES /h2

Em julho, o volume de serviços no Brasil avançou 1,1% contra junho, acumulando 5,8% em quatro meses. Por isso, o setor estar 3,9% acima do nível antes da pandemia, em fevereiro de 2020. Contra julho de 2020 o setor avançou 17,8%, quinta taxa positiva seguida, no ano acumula 10,7% e em 12 meses 2,9%, mantendo trajetória ascendente iniciada em fevereiro de 2021. 

EUA/h2

Nos EUA, o CPI de agosto veio em 0,3%, marginalmente abaixo do esperado (0,4%). Na taxa anualizada passou de 5,4% para 5,3%, patamar ainda muito próximo da máxima de 13 anos, e, por fim, o núcleo, excluindo alimentação e energia, subiu 0,1% frente a julho, menos aumento desde fevereiro, e 4,0% em 12 meses, também desacelerando.

Pelo terceiro mês seguido, a energia “puxou” o índice, se expandindo 2,0% no mês, influenciado pela alta de 2,8% da gasolina.  Também subiram, alimentação, mobiliário doméstico e abrigo. Em contra partida, passagens aéreas, carros e caminhões usados, seguros e veículos automotores recuaram. 

Achamos que a energia deve continuar a ser o principal fator de impacto na inflação com a chegada do outono e inverno, enquanto observamos a perda de dinamismo de outros setores menos voláteis, refletindo a queda recente da atividade de serviço. Estejamos atentos à reação dos americanos em meio a retirada dos subsídios federais e o avanço da variante Delta. 

MERCADOS/h2

Nesta terça-feira os juros futuros curtos e médio afundaram diante do esvaziamento nas apostas mais agressivas de alta da Selic PARA o Copom da semana que vem. Isso porque o presidente do BACEN disse que irá perseguir a inflação dentro do centro da meta, independente dos dados divulgados. Alguns contratos de DI chegaram a recuar 30 pontos, com a curva de juro perdendo inclinação. Isso elevou o dólar, até pelas especulações de novas intervenções do BACEN até o final do ano. Tudo piorou ao fim do dia com as quedas das bolsas de NY, o mesmo acontecendo com os rendimentos dos treasuries de 10 anos, com a inflação do CPI abaixo do esperado. 

No Brasil, o Ibovespa também perdeu dinamismo, liderado pela Petrobras, depois do presidente Joaquim Silva e Luna, dizer, em comissão da Câmara, que a empresa não tem espaço para aventura. Isso veio em resposta às declarações do presidente da casa, Arthur Lira, de que o preço do combustível estava elevado. 

A bolsa paulistana fechou em queda de 0,19%, a 116.180 pontos. Já o dólar fechou em alta ante o real, de 0,65%, a R$ 5,2571.  

Nesta madrugada (05h05), dia 15/09, na Ásia, os mercados operaram na maioria em QUEDA. Nikkei recuando 0,52%, a 30.511 pontos; KOSPI, na Coréia do Sul, +0,15%, a 3.153 pontos; Shanghai, -0,17%, a 3.656 pontos, e Hang Seng, -1,88%, a 25.023 pontos. 

Nesta madrugada do dia 15/09, na Europa (04h05), nos futuros os mercados operavam ENTRE ESTÁVEIS E NEGATIVOS. DAX (Alemanha) avançando 0,02%, a 15.726 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,06%, a 7.029 pontos; CAC 40 (França), -0,11%, a 6.645 pontos, e EuroStoxx50 +0,02%, a 4.192 pontos. 

Nos EUA, as bolsas de NY no mercado futuro, operavam às 05h05, dia 15/09, da seguinte forma: Dow Jones avançando 0,07%, a 34.607 pontos, S&P 500, +0,13%, a 4.450 pontos, e Nasdaq +0,28%, a 15.425 pontos. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 1,00%, a 0,2111, US 10Y +0,23%, a 1,282 e US 30Y, -0,33%, a 1,846. No DXY, o dólar recuava -0,09%, a 92,535. Petróleo WTI, a US$ 71,12 (+0,94%) e Petróleo Brent US$ 74,23 (+0,86%).  

Na agenda de quarta-feira, saem alguns dados sobre atividade. Na China, indicadores de produção industrial e comércio varejista assustaram, mais fracos que o esperado. No Brasil, aguardemos o IBC-Br de agosto, devendo subir 0,3% na variação mensal, bem abaixo dos 9,1% de julho, e nos EUA a produção industrial e o Empire State de Atividade Manufatureira. Também temos a produção industrial da Zona do Euro. 

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