Ellen R. Wald, Ph.D. | 13.05.2021 09:39
Publicado originalmente em inglês em 13/05/2021
Na última sexta-feira, a empresa de oleodutos Colonial Pipeline foi vítima de um ataque cibernético que tirou de operação mais de 8.000 km de tubulações de Houston, Texas, a Nova Jérsei. Os dutos são a principal via de transporte de produtos petrolíferos da Costa Leste dos Estados Unidos, como gasolina, combustível de aviação e diesel, transportando normalmente o equivalente a 2,5 milhões de barris por dia (mbpd), ou seja, 45% do combustível consumido na região.
Alguns trechos da tubulação foram restabelecidos, embora as quatro principais linhas continuassem desativadas até quarta-feira. A Colonial Pipeline Company anunciou, na quarta-feira à noite, que iniciaria um reacionamento gradual do oleoduto a partir desta madrugada, apesar de não ter pagado pelo resgate de dados roubados e criptografados.
A seguir, analisamos o impacto esperado desse desligamento na oferta e nos preços dos produtos derivados, inclusive do petróleo bruto:
Grandes regiões metropolitanas dos EUA que dependem da gasolina transportada pela Colonial Pipeline estão sofrendo com a falta do combustível, tais como Atlanta, Geórgia; Charlotte e Raleigh-Durham, Carolina do Norte; Tallahassee e Pensacola, Flórida.
Além disso, os preços da gasolina aumentaram em toda a Costa Leste dos Estados Unidos, mesmo em áreas não atendidas pela Colonial Pipeline. Isso fez com que a média nacional do combustível atingisse US$ 3,01 por galão, a primeira vez de 2014 em que o preço nacional supera a marca de US$ 3 por galão. Naquele momento, a cotação do barril de WTI estava pelo menos US$ 15 acima da registrada ontem.
Os fatores que estão fazendo disparar os preços da gasolina atualmente são o transporte e o pânico.
Os observadores do mercado devem compreender que não existe realmente falta de gasolina, mas um problema de abastecimento nessas áreas em particular.
Os consumidores correram para comprar o combustível em volume inusual. Os postos ficaram sem gasolina rapidamente por causa desse pânico que tomou conta dos consumidores, já que não há motoristas de caminhões-tanque suficientes para transportar gasolina das instalações regionais para as bombas.
De acordo com diversas previsões, a expectativa era que o preço médio nacional da gasolina atingisse US$ 3 por galão neste verão local, com o aumento da demanda.
Portanto, a questão é: será que os preços cairão novamente quando os oleodutos voltarem a funcionar ou subirão mais com o início da temporada de viagens automotivas de verão nos EUA?
Como são necessárias cerca de duas semanas para que os produtos atravessem os dutos, tudo leva a crer que os preços da gasolina continuarão elevados no início da temporada americana de viagens de verão.
Os preços do petróleo não foram significativamente impactados pelo ataque cibernético à Colonial Pipeline. Os preços subiram um pouco nesta semana, apesar de o barril de Brent ter permanecido um pouco abaixo da marca de US$ 70, seguido do barril de WTI.
O mais provável é que os preços subiram recentemente em reação à nova previsão de demanda petrolífera da Opep, que projeta um consumo adicional de 200.000 bpd neste ano.
No entanto, podemos começar a ver alguns problemas para o petróleo norte-americano, devido à desativação do oleoduto.
Muitas refinarias ao longo da costa do Golfo preveem cortes de produção, já que geralmente enviam os produtos diretamente para a Colonial Pipeline e não têm capacidade de armazenamento para acomodar o acúmulo de gasolina, combustível de aviação e diesel.
As refinarias em Port Arthur, Texas, e Louisiana seriam as mais afetadas pelos cortes, já que aquelas que se encontram mais a oeste têm a opção de enviar os produtos para o Meio-Oeste. Até agora, a região já cortou 13% da sua capacidade de 4,7 mbpd, podendo chegar a 15%.
É preciso ter em mente que, neste momento, as refinarias normalmente estariam produzindo em máxima capacidade para se preparar para a alta demanda dos meses de verão.
A expectativa é que tais cortes sejam refletidos no próximo relatório semanal da EIA e nos seguintes.
A menor capacidade se traduz em redução de demanda de petróleo. Além disso, como as refinarias estão cortando a produção, podemos ver um acúmulo maior do que o esperado nos estoques petrolíferos nos EUA nas próximas semanas.
Quando saiu a notícia sobre a Colonial Pipeline pela primeira vez, a expectativa era que fossem colocados em estoque flutuante no Golfo do México cerca de 2 milhões de barris de petróleo.
Um dos quatro navios-tanque direcionados para esse fim foi cancelado, em um sinal de que o excesso de fluxo de produtos será mantido em terra por enquanto.
Os investidores devem ficar de olhos atentos aos eventos envolvendo o transporte e demanda de produtos derivados nos EUA nas refinarias. Ninguém sabe ao certo quando essa questão será resolvida, pois o problema é inédito no país.
Neste momento, o imbróglio envolvendo a desativação dos oleodutos são as maiores incógnitas para a indústria norte-americana.
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