“Pior Crise de Oferta de Petróleo em Décadas” Sinaliza Preços Mais Altos (Pt. 2)

 | 25.03.2022 17:02

Na parte 1 que publicamos ontem, focamos nos riscos de oferta cada vez maiores no atual mercado petrolífero. No artigo de hoje, examinamos as últimas tendências do mercado para saber quais são as perspectivas de preenchimento desse buraco na oferta.h2 Opep ainda enfrenta problemas de produção/h2

O último relatório mensal da Agência Internacional de Energia (AIE) sobre o mercado petrolífero identifica qual é o principal fator de redução dos estoques mundiais:

“baixo desempenho crônico da Opep+ em relação às metas de produção, responsável por tirar 300 milhões de barris do mercado desde o início de 2021.”

Como escrevi em publicações passadas, muitos membros da Opep+ estão enfrentando a mesma dificuldade de produção que o shale oil nos EUA: o subinvestimento. Esse é um problema de longo prazo que continua aparecendo em cada relatório mensal de dados.

No último relatório de produção da Opep, publicado na semana passada, o cartel mais uma vez ficou aquém da sua cota de produção em mais de 600.000 barris por dia (bpd). O problema remonta às atuais dificuldades de produção enfrentadas por membros periféricos da Opep+, como Angola e Nigéria, entre outros.

Os únicos dois membros da aliança com capacidade ociosa significativa são a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos. Ninguém sabe exatamente qual é o volume dessa capacidade ociosa, mas a maior parte das estimativas consensuais varia de 2,5 a 3 milhões de bpd para ambos os países. Teoricamente, se a Arábia Saudita e os Emirados abrirem as torneiras e produzirem ao máximo, poderiam chegar perto de compensar as perdas de oferta da Rússia que, segundo a EIA, poderiam ser de 3 a 4 milhões de bpd.

h2 Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos podem evitar uma crise energética mundial?/h2

Em vista da terrível situação da oferta petrolífera, políticos dos EUA, Europa e Japão já estão se esforçando para convencer a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos a liberar sua capacidade ociosa ao mercado. Evidentemente, existem vários desafios aqui.

O primeiro é que isso exigiria romper com a atual coalizão da Opep+, já que ambos os países excederiam suas cotas de produção acordadas. É claro que tudo é possível, principalmente em uma crise de energia de enormes proporções. Mas, em vista da situação atual, nada nos leva a crer que qualquer desses países esteja disposto a quebrar o atual acordo da Opep+.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Para complicar ainda mais o cenário, há um distanciamento cada vez maior entre a Casa Branca, de um lado, e a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, de outro. Pode-se atribuir grande parte desse distanciamento ao recuo do presidente Joe Biden em apoiar os esforços de cada país na guerra civil em andamento no Iêmen. Essa situação foi bem retratada em reportagens que davam conta de que nem as autoridades da Arábia Saudita nem dos Emirados Árabes Unidos responderam aos telefonemas de Biden nos primeiros dias da invasão da Rússia na Ucrânia. Cabe lembrar ainda a postura frouxa de Biden em relação ao maior inimigo regional da Arábia Saudita, o Irã (mais sobre isso adiante).

O segundo problema está ilustrado no gráfico abaixo, que mostra o colapso da atividade de perfuração na Arábia Saudita e nos Emirados, cujos níveis estão quase 50% abaixo dos registrados antes da Covid: